Geologia, litoquímica e química mineral do Grupo Iricoumé e da Formação Quarenta Ilhas no Distrito Mineiro de Pitinga - AM - Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O Grupo Iricoumé e a Formação Quarenta Ilhas caracterizam duas importantes atividades magmáticas paleoproterozóicas do Distrito Mineiro de Pitinga, Amazonas, Brasil. O conhecimento geológico da região esteve restrito, até recentemente, aos granitos portadores de mineralizações de Sn, Ta, Nb e F da Suíte Madeira. O desenvolvimento de trabalhos de cunho científico referentes ao Grupo Iricoumé vem aumentando significativamente nos últimos anos, no entanto, o conhecimento sobre a Formação Quarenta Ilhas se encontra num estágio consideravelmente precoce. Os objetivos relacionados ao presente trabalho estão focados principalmente na geração e publicação de dados de campo, petrográficos, litoquímicos e de química mineral de ambas as unidades. O Grupo Iricoumé é o mais expressivo vulcanismo paleoproterozóico do Escudo das Guianas, cuja gênese está vinculada ao Magmatismo Uatumã (1,88 Ga) no Craton Amazônico. Na região de Pitinga, é constituído por traquitos a riolitos, associados com ignimbritos ricos em cristais, tufos co-ignimbríticos de queda e de surge e depósitos vulcanoclásticos. A morfologia e abundância de fenocristais, aliadas as características da matriz, podem ser utilizadas como critério diagnóstico na distinção entre rochas efusivas, hipabissais e ignimbritos. As temperaturas de cristalização de zircão são em torno de 850±50ºC. Os anfibólios caracterizam-se por dois grupos químicos (alto-Fe e alto- Mg) com termos ricos em Fe cristalizados a ~15 km (~4,5 kbar) e intermediária fO2, enquanto os anfibólios ricos em Mg foram cristalizados/reequilibrados a ~1,5 km (<1,0 kbar) e alta fO2. Os zircões de riolitos e ignimbritos caracterizam-se pela alta razão Th/U e alto ETRP, típicos de zircões cristalizados a partir de magmas félsicos. As feições geoquímicas das rochas félsicas do Grupo Iricoumé são compatíveis com magmas tipo-A metaluminoso a fracamente peraluminoso. Os conteúdos de Nb, Y, Rb e ETRL sugerem relação com fontes de manto litosférico modificado por subducção, além de participação de material crustal, posicionadas em ambiente pós-colisional. A distribuição de riolitos ao longo de falhas anelares, a presença expressiva de ignimbritos soldados ricos em cristais e tufos co-ignimbríticos, aliados a termos subvulcânicos como corpos hipabissais e intrusões graníticas epizonais, sugerem uma origem relacionada a sistemas de complexo de caldeira. A Formação Quarenta Ilhas consiste de rochas subvulcânicas básicas a intermediárias, de afinidade toleíticas e idade em torno de 1,78 Ga. A mineralogia magmática é constituída por olivina, substituída pseudomorficamente por ferro-saponita, plagioclásio labradorita a oligoclásio (An65Ab35 a An20Ab80), óxidos de Fe-Ti (Ilm87-95 e Usp22-37), diopsídio a augita (Wo44-35En44-21Fs38-16), com ferro-hornbelnda, feldspato alcalino e quartzo nos termos mais diferenciados. A diferenciação até magmas intermediários ocorreu por cristalização fracionada de olivina+ilmenita, magnetita+plagioclásio+augita, e cristalização de ferro-hornblenda, feldspato alcalino e quartzo em estágios tardios. Os padrões de elementos maiores, as proporções de minerais normativos (olivina+hiperstênio e quartzo+hiperstênio) e as elevadas razões Y/Nb e La/Yb indicam afinidade com magmas toleíticos. Os elevados conteúdos de Cs, Rb, Ba e K, e baixos de Nb, Ta e Zr indicam participação de manto litosférico enriquecido em LILE e previamente modificado por subducção. O padrão de ETR é marcado por enriquecimento de ETRL em relação às ETRP, o que sugere uma fonte com composição compatível a um granada lherzolito.

ASSUNTO(S)

geoquímica litoquimica

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