Geologia do depósito LODE Au-As-Sb Laranjeiras, em metaturbitos do Grupo Nova Lima, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

08/02/2011

RESUMO

O Depósito Aurífero Laranjeiras (~1 Moz @6,32 g/t Au) localiza-se na borda leste do QF e integra o Lineamento Córrego do Sítio. Hospeda-se em intercalações de rochas metassedimentares clásticas e vulcanoclásticas fortemente foliadas, neoarqueanas, da porção superior do Grupo Nova Lima, Supergrupo Rio das Velhas.Descrições de testemunhos de sondagem diamantada (>150.000 m) e mapeamento geológico nos openpits permitiram o estabelecimento da estratigrafia do depósito.O Grupo Nova Lima é representado na área pela Unidade Córrego do Sítio, subdividida informalmente em Superior, Intermediária e Inferior. A porção intermediária corresponde a corredor de mineralização, onde predominam xistos carbonosos. Os mesmos contêm zonas heterogêneas de cisalhamento, de espessuras submétricas a decamétricas, e que hospedam obliquamente faixas mineralizadas expressas como grandes zonas de veios quartzo-carbonáticos, tipo tension gashes de escala regional, e que encerram o grosso da mineralização aurífera.As rochas das porções Superior e Inferior caracterizam-se por composição essencialmente psamítica, com predomínio de metagrauvacas e subordinadas lentes de metapelitos sericíticos e/ou carbonosos, além de formações ferríferas heterogêneas.Os tipos de alteração hidrotermal nas rochas que envolvem os veios de quartzo incluem intensa lixiviação da matéria carbonosa, carbonatação, sericitização e sulfetação nas encaixantes.Laranjeiras apresenta corpos de minério em forma lenticular oblata, dispostos como estreitos veios quartzo-carbonáticos en echelon, com largura de 1-4, altura de 60-400 e comprimento de 60-1200 metros, respectivamente. A direção de mergulho é ~S76oE a S49ºE, mergulhando 45º-75º para SE, com caimento do plunge de 30º-46º na direção entre N39ºE e N51ºE, em contraposição à outras mineralizações auríferas do Grupo Nova Lima, QF, que em geral apresentam plunge no sentido leste a sudeste.A geometria dos corpos de minério resulta de evolução estrutural polifásica, 04 fases de deformação. Uma foliação milonítica desenvolve-se em zonas de cisalhamento subparalelas à foliação regional (Sn) das rochas encaixantes da mineralização. Apresenta um máximo de N29oE/68ºSE.Uma clivagem de crenulação extensional e espaçada, Sn+1, é desenvolvida no evento Dn+1, com máximos em N16Eº/30ºNW; é marcada pela remobilização de matéria carbonosa nos planos de clivagem, o que permite sua pronta identificação. Durante a fase Dn+2, desenvolvem-se dobras que invertem a atitude e mergulho das superfícies Sn e Sn+1, sem alterar o ângulo entre estas. Tal evento de deformação não registrou clivagem ou lineação mineral e, portanto, não é possível a medição de superfícies Sn+2 relacionadas a esta fase.A superfície Sn+3 é o plano axial de uma clivagem de crenulação espaçada com atitudes N35ºW/79ºNE, acompanhada por clivagem de fratura e kink folds decimétricas.Enxames de diques metabásicos, em diferentes estágios de alteração metassomática, cruzam obliquamente todas as unidades arqueanas. Estudos petrográficos e de microscopia eletrônica de varredura (MEV) permitiram a identificação dos seguintes minerais-minério e de ganga associados aos veios e às suas encaixantes, em ordem decrescente de abundância: pirita (FeS2) , arsenopirita (FeAsS), pirrotita (FeS), berthierita (FeSb2S4),calcopirita (CuFeS2), esfalerita (ZnFeS), ullmanita (NiSbS), gersdorfita (NiAsS), cubanita (CuFe2S3), tetraedrita ((Cu,Fe)12Sb4S13), pentlandita ((Fe,Ni)9S8), hematita (Fe2O3), rutilo (TiO2), minerais do grupo da boulangerita (Pb5Sb4S11), galena (PbS), estibnita (Sb2S3), cobaltita (CoAsS), cinábrio (HgS), eletrum (Ag-Au) e ouro (Au), que representam, no todo, quantidades inferiores a 1%. Análises geoquímicas mulltielementares permitem estabelecer uma correlação positiva do Au, em veios e rochas encaixantes metassedimentares clásticas, metavulcanoclásticas, com os seguintes elementos, segundo uma ordem decrescente: Sb >As >Ag >Cd >Se >Hg >P>Te >W >F >Bi >In >Sr >Sc >Cl >Rb >Sn >Tl >Cu >Pb >Zn >B >Ge >Mn >Mo >Re. O Au tem correlação positiva nas rochas metabásicas com os seguintes elementos, segundo uma ordem decrescente: As >Sb >Ag >Cr >Cs >Tl >W >Zn >Ba >Hg >Li >Ni >Rb >Cd >F. Os elevados teores de Cr e Ni e a alta razão La/Y indicam que os sedimentos originais, que geraram o pacote de rochas metassedimentares do Lineamento Córrego do Sitio, devem ser derivados da erosão de rochas máficas e ultramáficas. Com base nas características geológicas, como rochas encaixantes fortemente deformadas, abundantes venulações de quartzo-carbonato-sulfeto, alteração hidrotermal a carbonato, sericita e sulfeto, além da associação espacial com estruturas compressionais de grande escala, o Depósito Aurífero Laranjeiras é classificado como orogênico.

ASSUNTO(S)

geologia econômica -- quadrilátero ferrífero (mg) -- teses. ouro -- quadrilátero ferrífero (mg) -- teses.

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