Geoambientes de terra firme e várzea da região do Juruá, noroeste do Acre / Juruá dry land and wet land geoenvironments, northwest of Acre state

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

No Acre há dois ambientes principais, com características geológicas, geomorfológicas, pedológicas e fitossociológicas bem distintas, sendo eles: a várzea, que são terras marginais aos rios com inundações periódicas, e a terra firme, onde não há inundações. O Acre possui 88 % do seu território sob floresta, e do total desmatado, 81 % tem sido utilizado com pastagens extensivas. No Acre, especialmente a nororeste do Estado, os ambientes de várzea e terra firme ainda são pouco estudados, o que justifica trabalhos para entender estes ambientes e avaliar impactos antrópicos. Nesse sentido o objetivo deste trabalho é caracterizar física, química e mineralogicamente o ambiente de várzea e avaliar alterações físicas, químicas e nos estoques de carbono no ambiente de terra firme, a noroeste do Acre. O trabalho foi realizado na microregião do Juruá, nos municípios de Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves. O clima da região é caracterizado pelas altas temperaturas e elevados índices pluviométricos, com média anual de 2.171 mm, sendo classificado como tropical úmido Awi (Köppen). No geoambiente de várzea foram avaliados quatro perfis de Neossolo Flúvico Ta eutrófico e três de Vertissolos Háplico órtico. No geoambiente de terra firme foram estudados os usos com mata nativa, pastagem com 10 anos, pastagem com 20 anos e capoeira com 10 anos, em Argissolo Vermelho-amarelo distrófico. Foi realizada descrição morfológica dos perfis e foram avaliados parâmetros físicos, químicos, mineralógicos e biológicos dos solos. No ambiente de terra firme houve predomínio das frações areia (areia grossa + areia fina) em todos os usos e profundidades avaliadas. A retirada da mata nativa e implantação de pastagens causaram um impacto negativo sobre as propriedades físicas e no estoque de carbono do Argissolo. Houve maiores valores de densidade do solo e resistência do solo à penetração e redução da porosidade (macroporos maiores que 145 m) e da condutividade hidráulica, entretanto não hoube alteração na estabilidade de agregados e água disponível. Os estoques de carbono e nitrogênio total, as frações ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e humina bem como o carbono microbiano foram reduzidos na pastagem. A capoeira apresentou recuperação parcial das propriedades físicas do solo, bem como dos estoques de carbono microbiano do solo, demonstrando que o pousio e a formação de capoeira possuem efeitos benéficos na reabilitação dessas áreas. No ambiente de várzea pode-se observar que os solos são predominatemente siltosos, com ausência de areia grossa e elevada argila dispersa em água, provavelmente devido aos teores elevados de magnésio. Os solos também apresentaram pH elevado e altos teores de nutrientes, especialmente Ca2+, porém os teores de carbono do solo foram muito baixos. Na fração argila e silte dos Neossolos Flúvicos e Vertissolos predonimam os minerais primários mica, feldspato, olivina e plagioclásios, além de conteúdo significativo de esmectitas, vermiculitas, ilita, caulinita e quartzo, refletindo a natureza geológica andina, onde o Rio Juruá tem sua nascente. Houve predomínio da fração areia leve, que é composta predominantemente pelos minerais quartzo, feldspato, plagioclásio e rutilo. Os solos apresentaram elevados teores de SiO2 e baixos teores de Fe2O3, além de elevada realação Feo/Fed, indicando a baixa pedogênese destes solos e presença de formas menos cristalinas de ferro. Os Neossolos Flúvicos apresentaram boa porosidade, entretanto com baixos valores de macroporosidade e elevada microporosidade, o que resultou em reduzida condutividade hidráulica e boa capacidade de retenção de água. Não obstante a baixa macroporosidade, os valores de resistência do solo à penetração foram baixos, não representando impedimento físico ao crescimento radicular. Os valores de densidade do solo para os Vertissolos foram elevados, o que pode configurar uma barreira física ao crescimento radicular.

ASSUNTO(S)

várzea do juruá defforestation ciencia do solo acre pastures pastagem desmatamento acre várzea do juruá

Documentos Relacionados