Genotipagem através de microsatélites extraídos de amostras fecais em Lontra longicaudis do sul do Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Iheringia. Série Zoologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2009-03

RESUMO

A lontra neotropical de rio Lontra longicaudis (Olfers, 1818), cujo estado de conservação é ainda desconhecido, foi estudada geneticamente na Estação Ecológica do Taim e nas margens do arroio Vargas, RS, sul do Brasil. Amostras de fezes foram coletadas e o DNA foi extraído por um método de sílica-guanidina. Cinco locos de microsatélites foram amplificados por PCR utilizando primers heterólogos previamente descritos para Lutra lutra (Linnaeus, 1758). Dezesseis amostras de fezes de um total de 29 coletadas no Taim e onze das 14 obtidas no arroio Vargas contiveram DNA suficiente para prosseguir com a analise genética. Um total de 49 alelos foram obtidos, dos quais 18 foram exclusivos de indivíduos do Taim e 17 exclusivos dos indivíduos do arroio Vargas. Em três locos (Lut715, Lut733 e Lut818) os indivíduos das duas localidades compartilharam o alelo mais comum. Foi encontrada uma alta diversidade genética (NeTaim=4,1; HoTaim=0,299; HeTaim=0,681; NeVargas=4,9; HoVargas=0,355; HeVargas=0,724), sendo esta maior no arroio Vargas. Uma alta e significativa deficiência de heterozigotos foi observada em quase todos os locos de acordo com o teste do χ2. O teste do χ2 de homogeneidade genética (P<0,001) mostrou diferenças significativas entre as freqüências alélicas das duas localidades. A genotipagem para mais de um loco foi possível em 81,5% das amostras, sendo que somente em 37% destes foi possível a genotipagem para mais de três locos. Foi encontrado um baixo grau de parentesco entre os indivíduos do Taim (R=0,055±0,310), sendo este ainda menor nos indivíduos do arroio Vargas (R=-0,285±0,440). O grau significativo de diferenciação genética (I=0,890; F ST=0,059) entre os indivíduos do Taim e do arroio Vargas sugere a existência de mais de uma população de lontras no extremo sul do Brasil, que provavelmente estejam associadas aos diferentes corpos de água existentes nesta região: a Lagoa Mirim e o sistema de lagoas Cauivá/Flores/Mangueira. A alta diversidade genética e o baixo grau de parentesco dos indivíduos do arroio Vargas nos leva a considerar a possibilidade que o arroio Vargas possa estar atuando como um corredor entre estes corpos de água para a dispesão das lontras.

ASSUNTO(S)

lontra neotropical de rio marcadores genéticos taim amostragem não-invasiva diversidade genética

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