Genética da conservação e ecologia molecular de onças-pintadas (Panthera onca, Felidae)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Com o objetivo de realizar estratégias eficientes de manejo e conservação para a onça-pintada (Panthera onca), estudos ecológicos vêm sendo realizados em diferentes áreas ao longo de sua distribuição geográfica. No entanto, análises moleculares complementares a estas abordagens ecológicas são necessárias para garantir a viabilidade deste felídeo a longo prazo. Desta maneira, os estudos aqui apresentados tiveram por finalidade desenvolver metodologias para auxiliar estudos genéticos e ecológicos extremamente necessários para a conservação desta espécie, assim como embasar estudos populacionais com uma perspectiva genético-molecular. No primeiro capítulo, devido à enorme dificuldade de se obter amostras biológicas deste felídeo, foi desenvolvida uma abordagem baseada no sequenciamento de um segmento curto de um gene (ATP6) do DNA mitocondrial para identificar de maneira rigorosa amostras fecais de onça-pintada coletadas em campo. Os resultados indicaram a importância de se utilizar um método molecular para a identificação correta de amostras fecais coletadas em campo. No segundo capítulo foi demonstrado que é possível identificar a coloração de onças-pintadas a partir de DNA fecal, através da genotipagem molecular do polimorfismo envolvido no padrão de coloração desta espécie. Embora indivíduos melânicos de onça-pintada sejam relativamente comuns em algumas áreas da sua distribuição, até o momento, nenhum estudo científico envolvendo esta característica foi realizado com populações naturais desta espécie. O uso de amostragem não-invasiva possivelmente é uma das únicas maneiras para estudar diretamente populações de onça-pintada que apresentam esta característica. No terceiro capítulo foi realizado o primeiro estudo envolvendo estruturação e conectividade de populações naturais deste felídeo em uma escala regional. O estudo abrangeu as populações remanescentes de onça-pintada da Ecorregião do Alto Rio Paraná, contida na Mata Atlântica de Interior. Os resultados indicaram perda de variabilidade genética em populações recentemente isoladas e uma considerável diferenciação entre os fragmentos, sugerindo forte efeito da deriva genética, por sua vez induzida pelo pequeno tamanho efetivo em cada área e o crescente isolamento entre as mesmas. Ao mesmo tempo, análises genéticas identificaram evidência de conexão demográfica recente entre áreas, sugerindo que este processo natural de conectividade deve ser mantido para garantir a viabilidade destas populações em longo prazo. Os resultados serão integrados ao plano de manejo que vem sendo desenvolvido para este felídeo no Alto Rio Paraná, subsidiando a elaboração e efetivação de esforços urgentes para a conservação desta espécie nesta ecorregião.

ASSUNTO(S)

paraná, rio panthera onca

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