Gênero auto-ajuda: estratégias lingüístico-discursivo / The self-help genre: linguistic-discursive strategies

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Realizou-se a análise do gênero auto-ajuda, em um corpus formado por três livros, a fim de descrever seu funcionamento semiótico. A análise centrou no nível discursivo. Sua abordagem se dá a partir da interação entre o ponto de vista greimasiano e bakhtiniano refletida nos seguintes princípios: todo discurso resulta do percurso gerativo do sentido em que ocorrem conversões estruturais; discurso e formação social articulam-se, lingüisticamente, por meio da enunciação; no processo de textualização, fatores internos e externos interferem no processo de conformação ao gênero; todo ato de comunicação (persuasão) ocorre por meio de um gênero. Assim sendo, verificou-se a relação entre enunciador e enunciatário, descrevendo os procedimentos retórico-discursivos pergunta e caso particular, bem como o processo de utilização de símbolos e semi-símbolos. Analisou-se também a projeção da enunciação, verificando como o discurso se comporta tendo em vista os critérios de subjetividade e de objetividade, por meio do processo de debreagem. Disto constatou-se, de um lado, que, na relação entre enunciador e enunciatário: (1) o discurso tende a ser monológico e monossêmico; (2) o ethos que se corporifica no discurso é a de sujeito firme, absoluto, portador e doador da verdade; (3) as estratégias persuasivas (pergunta retórica e caso particular: ilustração e modelo) constroem a maneira de agir e de ser dos sujeitos, tidos neste discurso como déspota (dono absoluto de um saber) e o discípulo (sujeito ignorante), neste processo há destituição da voz do enunciatário; (4) na manifestação visual da capa, os procedimentos de semi-simbolização (estratégia persuasiva) estão em segundo plano, a favor do procedimento de simbolização, o que evidencia ser este discurso altamente previsível, dotado de crenças e valores estereotipados. De outro, constatou-se que, na projeção da enunciação,: (5) por ser um discurso temático, encontram-se figuras que o recobrem parcialmente; (6) há um narrador-onisciente dotado de um saber e um narratário dotado de um não saber; (7) a relação destes actantes do discurso estrutura-se em torno da promessa da mudança de estado cognitivo (não-saber  saber); (8) o discurso tende a ser prescritivo (dever fazer) e programador (saber fazer); (9) ocorre a alternância de debreagem (enunciva enunciativa): ora o discurso é subjetivo ora é objetivo; (10) neste discurso tende-se criar o efeito de anulação das oposições entre o científico e o religioso. Esta configuração discursiva é um passo para que se realizem outros estudos, os quais, a partir deste e de outros já realizados, busquem a configuração discursiva que faça saber a especificidade do gênero

ASSUNTO(S)

semiotic dicursive auto-ajuda análise do discurso rhetoric linguistica, letras e artes gêneros literários semiotica discursiva retórica genre discourse

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