Galactana Sulfatada da Alga Marinha Vermelha Gelidium crinale (Turner) Lamouroux: respostas na inflamação e nocicepção / Sulfated galactans from red seaweed Gelidium crinale (Turner) Lamouroux: responses in inflammation and nociception

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/05/2010

RESUMO

Galactanas sulfatadas são macromoléculas encontradas em grande quantidade nas algas marinhas vermelhas, sendo exploradas por suas ações anticoagulante e antitrombótica. No entanto, estudos envolvendo seu papel em eventos inflamatórios e nociceptivos ainda são escassos. Investigou-se o efeito da galactana sulfatada de Gelidium crinale (GS) em modelo de inflamação aguda e nocicepção, bem como possível toxicidade. Foram utilizados ratos Wistar machos (150-250g) nos estudos de inflamação e toxicidade e camundongos Swiss machos (25-35g) na nocicepção. Na inflamação foi utilizado o modelo de edema de pata analisando os parâmetros: edema (pletismometria) e permeabilidade vascular (extravasamento protéico). A GS foi testada localmente quanto à atividade pró-inflamatória, nas doses de 0,01; 0,1 e 1 mg/Kg por via s.c. intraplantar, sendo que somente esta última induziu significativos edema e aumento da permeabilidade vascular; e sistemicamente quanto a atividade anti-inflamatória, por via endovenosa (e.v.) nas mesmas doses, 30 min. antes da injeção s.c. dos estímulos inflamatórios: carragenina (300 g/pata), dextrana (300 g/pata) zimosan (1mg/pata), histamina (100 g/pata), composto 48/80 (10 g/pata), serotonina (20 g/pata), bradicinina (30 g/pata), fosfolipase A2 (30g/kg; s.c.) ou L-arginina (15 g/kg; s.c.) nas patas dos animais. O tratamento com a GS inibiu os edemas de pata induzidos por dextrana e carragenina, mas não por zimosan, inibindo em 31,5% o aumento de permeabilidade induzida pelo primeiro agente. Observando-se os padrões de inibição da GS sobre os diferentes estímulos, investigou-se quais os mediadores envolvidos no efeito antiedematogênico da mesma. Para tanto, comprovou-se que a GS inibiu em 49% e 32%, respectivamente, os edemas de pata induzidos por histamina (100 g) e composto 48/80 (10 g), mas não inibiu os edemas induzidos por serotonina (20 g) e bradicinina (30 g), sugerindo a participação de histamina neste efeito. A GS também inibiu em 44% o edema induzido por fosfolipase A2 (30 g/Kg), substância que forma metabólitos do ácido araquidônico, mas não inibiu o edema induzido por L-arginina (15 g/Kg), um substrato para formação de óxido nítrico, correlacionando a ação inibitória da GS sobre prostaglandinas e, possivelmente, leucotrienos. Na nocicepção foram utilizados modelos que utilizam estímulo químico (teste da formalina), térmico (placa quente) e mecânico (hipernocicepção mecânica). A GS (0,1; 1 e 10 mg/Kg) foi administrada e.v. 30 min. antes da exposição aos estímulos e inibiu as fases neurogênica e inflamatória do teste da formalina nas três doses testadas, bem como reduziu para 19% e 26% o número de respostas (retirada da pata) dos animais estimulados com o filamento de von Frey, na 1 e 3 horas do teste, respectivamente. O tratamento dos animais com a GS (1 mg/Kg; e.v.) durante 10 dias, não revelou sinais de toxicidade, apenas alterações numéricas pouco representativas dos padrões hematológicos e bioquímicos, em relação ao controle de salina. Logo, conclui-se que a galactana sulfatada de G. crinale apresenta atividades pró- e anti-inflamatória dependendo da via de admistração, sendo esta última dependente de histamina e prostaglandinas, bem como apresenta atividade antinociceptiva, principalmente sobre a dor inflamatória, a qual envolve a participação de receptores opióides. Além destas atividades, a GS não mostra sinais de toxicidade.

ASSUNTO(S)

nocicepção inflamação gelidium crinale galactana sulfatada fisiologia sulfated galactan gelidium crinale inflammation nociception

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