Fungos nematófagos no controle de nematóides gastrintestinais de ruminantes

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Resumo Experimentos foram realizados para avaliar a atividade predatória in vitro e in vivo de isolados brasileiros de fungos nematófagos sobre nematóides gastrintestinais de ruminantes. Ensaio in vitro foi realizado para avaliar a atividade predatória de isolados fúngicos das espécies Arthrobotrys conoides A. cladodes A. musiformis, A. oligospora, Duddingtonia flagrans, Monacrosporium appendiculatum, M. sinense, M. thaumasium e Nematoctonus robustus sobre larvas infectantes de Strongyloides papillosus. Após sete dias de interação em superfície de ágar-água, variações inter e intraespecíficas na atividade predatória dos isolados sobre as larvas infectantes. A interação entre o fungo Duddingtonia flagrans e larvas infectantes de Haemonchus contortus foi estudada através de microscopia óptica e eletrônica de varredura. A formação de armadilhas pelo fungo ocorreu 9 h e as primeiras larvas predadas foram observadas 11 h após a inoculação das larvas sobre as colônias crescidas em superfície de membrana de diálise. Elétron-micrografias de varredura foram realizadas 12, 24, 36 e 48 h após a predação das larvas pelo fungo. Detalhes das estruturas de predação e da interação fungo-larva são descritos. Pôde ser visualizada a presença de substância mucilaginosa nos pontos de aderência da armadilha à cutícula do nematóide. A presença de bactérias foi observada em alguns pontos de interação entre o fungo e a cutícula das larvas. A penetração da cutícula pelas hifas do fungo foi evidenciada somente após 48 h de predação. A utilização do fungo predador de nematóides D. flagrans no controle dos parasitos gastrintestinais de caprinos H. contortus e S. papillosus foi investigada. Avaliou-se dinâmica de passagem de conídios e clamidósporos e micélio do fungo pelo trato digestivo de caprinos. Foram formados quatro grupos com cinco caprinos cada. No grupo A, cada animal recebeu 1x106 conídios de D. flagrans por kg de peso vivo. No grupo B, cada animal recebeu 1x106 clamidósporos por kg de peso vivo. No grupo C, cada animal recebeu 1 g de massa micelial por kg de peso vivo. No grupo 4 (grupo controle) os animais não receberam nenhum propágulo fúngico. Amostras fecais foram coletadas 3 horas antes e 12, 24, 30, 36, 42, 48, 60, 72, 84 e 96 h após a inoculação das estruturas fúngicas e colocadas em placas de Petri contendo ágar-água. Estas placas foram examinadas durante 30 dias para verificar a presença do fungo e larvas predadas. Um segundo ensaio avaliou o efeito da administração das estruturas sobre o desenvolvimento larvar em coproculturas nos intervalos de 12-24; 24-30; 30-36; 36-48; 48-60; 60-72; 72-84 e 84-96 h após o tratamento com as estruturas fúngicas. O percentual de desenvolvimento larval foi determinado usando a relação de larvas/ovos depositados nas culturas fecais. O fungo D. flagrans sobreviveu à passagem pelo trato digestivo dos caprinos e manteve sua atividade predatória, sendo observado de 12 a 96 h após a inoculação de clamidósporos e conídios. Houve redução significativa (p<0,05) no número de larvas recuperadas das culturas dos animais tratados com conídios, clamidósporos e micélio quando comparado com o controle. Entretanto, o tratamento dos animais com clamidósporos resultou em um maior período de eficácia, quando comparado com os animais tratados com micélio e conídios. A viabilidade de uma formulação do fungo Monacrosporium sinense foi avaliada no controle de nematóides parasitos gastrintestinais de bovinos. Dois grupos de dez bezerros cada, mestiços holandês x zebu, de seis a nove meses de idade, foram colocados em pastagem de Brachiaria brizantha em propriedade rural localizada no município de Viçosa-MG. Em um dos grupos cada animal recebeu 20 g de péletes em matriz de alginato de sódio contendo massa micelial do fungo M. sinense via oral, duas vezes por semana, durante seis meses com inicio no mês de outubro. No outro grupo, controle, os bezerros não receberam esse tratamento. As contagens de ovos por grama de fezes (OPG) e de larvas infectantes por kg de matéria seca foram significativamente maiores (P<0,05) no grupo controle. A viabilidade dos péletes em germinar e a atividade predatória do fungo após o encapsulamento foram avaliadas in vitro. A porcentagem de péletes com cultivo positivo para o fungo variou entre 90 e 100% e o percentual de redução de larvas infectantes in vitro variou entre 90,6 e 100%. A aplicação de péletes de M. sinense na dosagem e periodicidade de aplicação usadas são eficazes no biocontrole de nematóides parasitos gastrintestinais de bovinos.

ASSUNTO(S)

parasitologia teses fungos nematófagos teses ruminantes teses

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