Fungos micorrízicos arbusculares e endofíticos do tipo Dark Septate em plantas nativas de Cerrado / Mycorrhizal and Dark Septate endophytic fungi in native Cerrado plants.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A elevada acidez, o intenso intemperismo e os altos teores de alumínio nos solos do Cerrado são fatores limitantes do desenvolvimento vegetal. Em condições de estresses abióticos a associação com fungos micorrízicos auxilia a planta hospedeira na absorção de nutrientes e água do solo. A maior disponibilidades desses elementos para a planta hospedeira pelos fungos micorrízicos arbusculares (FMAs) é determinante na sobrevivência das plantas e na estruturação de formações vegetais. A presença de fungo endofítico do tipo dark septate (DSEF) nas raízes das plantas é outro tipo de associação simbiótica relacionada às condições abióticas como baixa umidade e comprimento do dia. O reduzido número de trabalhos encontrados na literatura dessas associações em espécies de cerrado se deve em parte, pelas condições edáficas e características estruturais radiculares das espécies nativas que dificultam a realização de estudos in loco. Neste trabalho teve-se por objetivo estudar a associação de FMAs em espécies de plantas nativas do cerrado. Para isso, foram testados e adaptados métodos para observação das estruturas fúngicas em simbiose em espécies das famílias Annonaceae, Anacardiaceae, Leguminosae, Melastomataceae, Myrsinaceae, Myrtaceae e Rubiaceae coletadas durante a estação seca em cerrado senso strictu na Floresta Nacional (FLONA) do município de Paraopeba, Minas Gerais. Amostras radiculares foram submetidas a três tipos de protocolos para observação de estruturas fúngicas. Todas as espécies investigadas encontravam-se colonizadas por FMAs e DSEF, exceto DSEF em Xylopia aromática. O melhor método de diafanização foi observado quando as raízes foram autoclavadas a 121 C em KOH 2 %, por 20 min e, subseqüentemente transferidas para solução nova de KOH 2 % por 24 horas à temperatura ambiente. Este procedimento foi repetido por duas vezes e, em seguida, essas amostras foram imersas em H2O2 2 % por 2 horas. Os arbúsculos foram observados com maiores detalhes após as raízes serem incluídas em resina, seccionadas e coradas com azul de toluidina. O caráter generalista dos FMAs observado nas espécies vegetais do cerrado sensu stricto foi confirmado e sugerido para DSEFs, indicando a importância destas simbioses como estratégia adaptativa às condições de cerrado. Roupala montana Aubl. é uma espécie da família Proteaceae com ampla distribuição nas diferentes fitofisionomias do cerrado. Estudos recentes têm relatado estruturas típicas de fungos micorrízicos em condições de estresses abióticos em espécies dessa família tipicamente não micorrizável. A acidez e deficiência dos solos de cerrado provem apropriadas condições para o desenvolvimento e formação de associações micorrízicas em R. montana, como observado em outros espécies da família Proteaceae. Assim, este trabalho também teve por objetivo confirmar a presença de fungos micorrízicos arbusculares em R. montana crescidas naturalmente em cerrado, correlacionando a freqüência de micorrização com o estado nutricional e condições edáficas. Em três repetições, indivíduos de R. montana foram coletados na FLONA em cerrado senso strictu, cerrado senso strictu denso e cerradão nas estações seca e chuvosa. A micorrização em R. montana foi correlacionada positivamente com o teor de P, Al, e Mg, no solo e de P, K e Ca nas folhas, e negativamente com Ca, Mn e N no solo. Os solos de Cerrado são ácidos com altas concentrações de Al, os quais podem inibir o transporte de Ca e K para as plantas, sugerindo que a presença de fungos micorrízicos em R. montana é um mecanismo adaptativo de sobrevivência as condições do cerrado brasileiro.

ASSUNTO(S)

mycorrhiza cerrado cerrado dark septate endophytic fungi fungos micorrízicos arbusculares (fma) micorrização arbuscular mycorrhizal fungi nutricao e crescimento vegetal fungos endofíticos do tipo dark septate (dsef)

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