Fungi for the Biological control of Miconia calvescens with particular reference to Coccodiella miconiae / Fungos para o controle biológico de Miconia calvescens com especial referência a Coccodiella miconiae

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Os trabalhos aqui apresentados representam uma contribuição adicional no esforço visando o controle biológico de Miconia calvescens (Melastomataceae), um arbusto ou pequena árvore nativa dos neotrópicos (inclusive o Brasil) e que se tornou uma das mais agressivas invasoras de ecossitemas florestais em ilhas do Pacífico. Os estudos aqui apresentaram duas frentes: 1) ampliação da descrição da micobiota patogênica associada a M. calvescens e 2) investigação complementar sobre a manipulação de Coccodiela miconiae, um fungo reconhecido como apresentando um grande potencial para utilização como agente de controle biológico para M. calvescens. A partir de 1995, foram feitos levantamentos sistemáticos de fungos fitopatogênicos associados a Miconia calvescens em busca de potenciais agentes de biocontrole a serem introduzidos em ilhas do Arquipélago Havaiano. Estes levantamentos cobriram áreas selecionadas no Brasil, Costa Rica e Equador e foi encontrada uma diversidade considerável de fungos fitopatogênicos além de fitopatógenos não fúngicos tais como um fitoplasma e dois nematóides fitopatogênicos. Em publicação recente, os seguintes fungos desta micobiota foram descritos: Coccodiella miconiae, Glomerella cingulata (=Colletotrichum gloeosporioides f. sp. miconiae), Guignardia miconiae, Korunomyces prostratus e Pseudocercospora tamonae. Dentre estes, G. miconiae e K. prostratus eram novos para a ciência. No presente trabalho, são adicionalmente descritos: Hyalosphaera miconiae, Hyalosphaera sp. nov, Lembosia melastomatum, Microsphaeropsis clidemiae, Microsphaeropsis sp. nov., Myrothecium sp. nov e Phyllachora sp. nov. O único destes fungos a ter sido efetivamente introduzido no Havaí (e posteriormente na Polinésia Francesa) foi C. gloeosporioides f. sp. miconiae. Embora este fungo tenha se estabelecido onde foi introduzido, o seu impacto sobre as populações da planta foi limitado e considera-se hoje necessária a introdução de novos agentes, sejam eles patógenos ou artrópodes (insetos). Dentre os fungos com possibilidade de utilização no biocontrole desta planta invasora, C. miconiae tem sido reconhecido como promissor, por causar uma doença severa à planta em condições naturais, mesmo que freqüentemente sob ataque severo de micoparasitas. No entanto, em trabalho anterior ficou claro que C. miconiae tem características que dificultam muito a sua manipulação para uso no controle biológico. Trata-se de um parasito biotrófico que se apresentou difícil de ser preservado e inoculado. Repetidas iniciativas de inocular artificialmente plantas sadias de M. calvescens falharam em etapa anterior do trabalho. O conhecimento disponível acerca desse fungo é ainda muito escasso e a elucidação de aspectos da biologia de C. miconiae poderia ser extremamente útil para a utilização desta espécie como agente de controle biológico além de contribuir para um melhor entendimento sobre este gênero de fungos. O presente estudo envolveu a realização de testes para determinar: 1) o melhor método de obtenção de ascósporos viáveis, inclusive com o teste de diversos métodos para se tentar quebrar uma possível dormência dos ascósporos; 2) o efeito da temperatura e do fotoperíodo sobre a germinação de ascósporos; 3) a verificação da viabilidade de ascósporos quando submetidos a lavagens sucessivas, diluições seriadas, ou mantidos em óleo mineral, diferentes concentrações de manitol; 4) a verificação do melhor método de preservação de folhas infectadas e 5) a determinação do método mais adequado de inoculação. Concluiu-se que a liberação de ascósporos a partir dos estromas foi eficiente quando estromas foram mantidos em suspensão e agitados por 3 a 4 h e que o inóculo assim obtido era infectivo quando utilizado imediatamente após sua obtenção. A germinação de ascósporos foi favorecida pela incubação a 25 C, sob fotoperíodo de 12 h. A utilização destes métodos mencionados acima, confirmou que a água não compromete a viabilidade dos ascósporos. A herborização por dois dias foi o melhor método de preservação de ascósporos dentre os avaliados. Estes resultados são fundamentais para o estabelecimento de um protocolo que permita finalmente a manipulação e eventual introdução de C. miconiae como agente de controle biológico no Pacífico.

ASSUNTO(S)

controle biológico fitopatologia coccodiella miconiae coccodiella miconiae biological control miconia calvescens miconia calvescens

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