Fundamentos para os estudos organizacionais: contribuições do pensamento crítico sul-americano

AUTOR(ES)
FONTE

Cad. EBAPE.BR

DATA DE PUBLICAÇÃO

2015-04

RESUMO

Diante da visão eurocêntrica dominante e da influência dos modelos das nações hegemônicas nos estudos e nas reformas da administração pública, apresenta-se outra perspectiva, baseada no pensamento crítico acerca das raízes históricas da dependência e da problemática atual das sociedades sul-americanas. O contínuo processo de ocidentalização da América, por meio da penetração colonial e neocolonial, impôs os interesses e a cultura dos países do centro do mundo, causando efeitos de refração, resistência e adaptação. As consequências desse conflito étnico estão na origem da desvalorização da ordem jurídica, da marginalidade e da anomia social. A revolução independentista continental, com reconhecimento de direitos às maiorias, foi desvirtuada pelas oligarquias, reproduzindo as desigualdades e as condições de outra forma de dependência na etapa do neocolonialismo capitalista. Os movimentos políticos nacional-populares do século XX promoveram uma consciência crítica, que teve sua contrapartida nas correntes alternativas na filosofia e nas ciências sociais, mas sofreu uma regressão diante da ofensiva neoliberal. O quadro sociocultural sul-americano mostra uma insuficiente legitimação do Estado, fatores de desordem social e disfunções na gestão do setor público; o que exige repensar o quadro teórico dos estudos organizacionais, fomentar a comunicação de experiências entre cientistas e intelectuais da região, rever os projetos de reforma inspirados em modelos exógenos e projetar novas formas de intervenção para promover a participação popular, visando ao horizonte da integração e da emancipação de nossos países.

ASSUNTO(S)

pensamento crítico estudos organizacionais eurocentrismo dependência.

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