FUCVAM : os sem-teto uruguaios na contramão do neoliberalismo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Estuda o comportamento político do movimento dos sem-teto uruguaio, organizados em torno de uma federação de cooperativas de construção de moradias por ajuda mútua chamada FUCVAM durante o período de hegemonia neoliberal dos primeiros anos do século XXI. Analisa as relações desse movimento social com o sistema político-eleitoral, em especial, com a força de esquerda Frente Ampla que governa o país desde 2005. Problematiza sobre a sua autonomia de ação em relação aos partidos de esquerda. Desde uma ótica marxista, analisa os processos históricos que desembocaram nas formações políticas atuais do Uruguai e os movimentos de acomodação do capital dentro do bloco no poder. Aponta como principais resultados: a) o extraordinário desenvolvimento do sistema político-partidário uruguaio não conseguiu evitar o surgimento de “novos” atores políticos que a partir de 1980 disputam espaços de participação não institucionalizados nas estruturas estatais; b) a ascensão do capital financeiro dentro do bloco no poder até se constituir em fração hegemônica provocou a subordinação da política habitacional à política financeira, afetando diretamente os interesses dos trabalhadores sem-teto; c) o processo de segregação urbana é uma estratégia do capital para redistribuir renda em prejuízo da classe trabalhadora; d) com a posse do governo da Frente Ampla, a partir de 2005, a burguesia uruguaia reconquistou o apoio das classes subalternas e retoma o processo de aumento de taxas de lucro; e) a retração experimentada na cena política dos setores da direita foi compensada e, até superada, com avanços no terreno ideológico que dificultam a mobilização dos setores populares e facilitam a satisfação dos interesses econômicos da burguesia. Conclui que a autonomia do movimento dos sem-teto uruguaio, pertencente à FUCVAM, encontra-se limitada pelos vínculos pessoais existentes entre seus integrantes e a Frente Ampla.

ASSUNTO(S)

movimentos sociais neoliberalismo class conflict social movements neoliberalism conflito social

Documentos Relacionados