Frequências alélicas e genotípicas das isoformas CYP2B6 e CYP2C8 na população de Moçambique / Allele and genotype frequencies of Cytochrome P450: CYP2B6 in Mozambican population

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

10/02/2010

RESUMO

A malária é uma doença infecciosa que ao lado da AIDS e da tuberculose, constituem as três principais causas de mortalidade no mundo, sendo responsáveis por cerca de seis milhões de mortes por ano. De acordo com a OMS, de 300 a 500 milhões de novos episódios de malária e mais de dois milhões de mortes ocorrem por ano, principalmente entre crianças menores de cinco anos na África sub-Sahariana. Devido à indisponibilidade de uma vacina viável contra a malária, uma das principais estratégias para o controle da mesma tem sido o diagnóstico precoce e o tratamento com antimaláricos seguros e eficazes. No entanto, a eficácia deste tratamento é limitada pela emergência de cepas de Plasmódium falciparum (P. falciparum) resistentes aos antimaláricos. Hoje, o conhecimento sobre a contribuição dos fatores genéticos do hospedeiro envolvidos na resposta terapêutica das principais classes de antimaláricos é limitado. Contudo, sabe-se que variações genéticas em genes humanos que codificam para enzimas envolvidas na biotransformação de diferentes fármacos podem contribuir para diferenças interindividuais na resposta terapêutica ou toxicidade a várias drogas, estando relacionadas aos desfechos de falha terapêutica e efeitos adversos. As isoenzimas CYP2B6 e CYP2C8 humanas, ambas envolvidas na metabolização de uma ampla variedade de fármacos, incluindo antimaláricos, são codificadas por genes polimórficos, caracterizados por diferentes polimorfismos de base única (SNPs). Algumas destas variantes caracterizam fenótipos de metabolização lenta e possivelmente estão envolvidas na modulação do metabolismo dos antimaláricos. Considerando esta hipótese, este estudo teve como objetivos: (i) análise descritiva das variantes alélicas nos genes CYP2B6 e CYP2C8 em populações moçambicanas provenientes de três regiões distintas e (ii) obter as frequências genotípicas e haplotípicas dos polimorfismos identificados. O estudo serviu igualmente para fornecermos informações capazes de nortear futuros estudos de associação para avaliar o impacto destes polimorfismos na eficácia terapêutica e/ou eventos adversos. Para atingir esses objetivos, amostras de sangue de 360 doadores de sangue foram coletadas num cartão de filtro FTA Classic Cards (Whatman) e genotipadas por PCR-RFLP. As frequências das variantes alélicas no CYP2B6 foram 0,060 (64C>T), 0,426 (516G>T), 0,00 (777C>A), 0,41 (785A>G) e 0,004 (1459C>T), enquanto a frequência da variante selvagem foi de 0,183. Para o gene CYP2C8 as frequências das variantes alélicas foram: 0,048, 0,005, 0,16 e 0,00 para as mutações 416G>A, 792C>G, 805A>T e 1196A>G, respectivamente. Não foram encontradas diferenças significativas entre as frequências das mutações encontradas na variável gênero para os dois genes. Também não foram encontradas diferenças significativas na distribuição das frequências genotípicas e haplotípicas entre indivíduos das três regiões estudadas, mostrando uma distribuição homogênea das mutações nas populações incluídas neste estudo. Nossos resultados mostram que os polimorfismos presentes nos genes CYP2B6 e CYP2C8, sabidamente envolvidos na alteração do metabolismo de uma variedade de drogas, ocorrem nas populações estudadas, corroborando os resultados reportados em outros estudos realizados em populações africanas. Assim, fazem-se necessários estudos de associação incluindo estes genes para um melhor entendimento sobre a importância destes polimorfismos no tratamento da malária nestas populações.

ASSUNTO(S)

malária/genetica plasmodium falciparum isoenzimas/farmacologia genetica humana e medica malaria/genetics plasmodium falciparum isoenzymes/pharmacology

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