Freqüência de alterações na densidade mineral ósseas em pacientes com falência ovariana prematura : análise de associação com variáveis hormonais e polimorfismos do gene do receptor do FSH

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A Osteoporose é uma doença esquelética caracterizada pelo comprometimento da resistência óssea predispondo a um risco aumentado de fraturas em mulheres na pósmenopáusa e na população idosa. O processo de remodelamento ósseo é mediado pela atividade dos osteoblastos na formação e a atividade dos osteoclastos na reabsorção da matriz óssea. Entre os vários fatores que modulam o processo de ressorção óssea estão os hormônios esteróides sexuais. Desta forma, a diminuição dos estrogênios circulantes, como ocorre na menopausa e na Falência Ovariana Prematura (FOP) resulta em uma maior perda da massa óssea. A FOP é uma condição definida como a falência da função ovariana antes dos 40 anos de idade, causando amenorréia, hipogonadismo e níveis elevados de gonadotrofinas. Vários estudos têm sugerido que esta falência gonadal possa ser uma doença genética, sendo o gene do receptor do FSH (FSHR), considerado um dos principais genes candidatos. Entretanto faltam estudos consistentes capazes de avaliar a influência destas variantes genéticas sobre a densidade mineral óssea assim como o risco de osteoporose. Assim, estudou-se uma coorte de 32 mulheres com FOP acompanhadas na Unidade de Endocrinologia Ginecológica, Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, com os objetivos de determinar a freqüência de alterações na DMO e analisar uma possível associação entre variáveis hormonais e densidade mineral óssea comparando-as com um grupo de referência composto por 80 mulheres, sendo 25 mulheres na pré-menopausa (PRE-M) e 55 mulheres na pós-menopausa (POS-M). Também foi pesquisado se a presença de polimorfismos do gene do receptor do FSH estava associada com alterações na densidade mineral óssea no grupo FOP. Variáveis clínicas e hormonais foram obtidas, assim como a densitometria óssea foi realizada em todas as pacientes de ambos grupos, porém a análise da freqüência das variantes Ala307Thr e Ser680Asn do exon 10 do gene do FSHR foi realizada somente das pacientes do grupo FOP. A densitometria óssea de cada paciente foi classificada como massa óssea normal ou baixa massa óssea (osteopenia ou osteoporose) pelos critérios da OMS. O IMC apresentou correlação positiva com a DMO do fêmur total (p<0.05). A freqüência de baixa massa óssea foi significativamente maior no grupo FOP do que no grupo POS-M (p=0,042). Entretanto, quando a análise foi controlada pelo uso ou não de terapia hormonal, os grupos não apresentaram diferença significativa. Identificou-se maior freqüência de baixa massa óssea em L1-L4 no grupo FOP (p<0,001) enquanto o grupo de referência POS-M apresentou maior freqüência de baixa massa óssea no fêmur total (p<0,001). Não houve associação entre as variantes Ala307Thr e Ser680Asn do gene do FSH e a densidade mineral óssea (DMO em g/cm2) em coluna ou fêmur total. Concluindo, o grupo de pacientes com FOP apresentou maior frequência de alteraçoes na DMO, em especial em coluna, quando comparado com o grupo de referência na pós-menopausa. Embora os polimorfismos estudados no exon 10 do gene do FSHR possam modificar a ação do FSH, estas variantes genéticas parecem não ter influência sobre a DMO das pacientes com FOP. Entretanto, estudos longitudinais são necessários para confirmar os resultados do presente estudo.

ASSUNTO(S)

falência ovariana prematura bone mineral density densidade óssea premature ovarian failure polymorphisms of the fsh receptor gene hormônios polimorfismo genético receptores do fsh hormônio folículo estimulante

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