Fragmentos de um discurso absurdo: o diálogo entre Esperando Godot, de Samuel Beckett, e Sarapalha, de João Guimarães Rosa

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

A presente dissertação tem por objetivo promover um estudo comparado entre dois textos distintos. O ponto de partida deste trabalho é o conto "Sarapalha", presente no livro Sagarana (1946), de João Guimarães Rosa. Trata-se da estória de dois primos maleitosos, Ribeiro e Argemiro, que aguardam diariamente a chegada da febre. Toda a ação se desenvolve em torno de uma situação estática determinada: dois homens, sentados lado a lado, em silêncio (ou trocando palavras vazias), impregnados pela solidão e escravizados por uma rotina angustiante - situação que se desestabiliza no instante em que a dor de uma ausência é revelada. Esse retrato particular desenvolvido por Rosa aponta para uma semelhança notável com Esperando Godot (1952), texto dramático do irlandês Samuel Beckett. Obra de peso na dramaturgia do século XX, Esperando Godot trata da estória de dois mendigos, Vladimir e Estragon, que se encontram diariamente para esperar pelo sempre ausente Godot. Observa-se que a mesma dor insuperável daquelas personagens de Rosa permeia esse texto beckettiano, razão pela qual proponho a sua inserção no presente estudo. Mais do que uma situação semelhante, o parentesco detectado parece revelar uma consciência comum que justifica e move esses discursos. Resgatando experiências filosóficas distintas - como o trágico e o absurdo - este estudo procura verificar convergências e divergências entre os referidos textos. E, no decorrer da pesquisa, essa leitura cruzada deverá encontrar um mesmo sentimento, que abraça e atende a esses discursos. Enfim, a leitura que aqui se efetiva busca realimentar as considerações teóricas sobre ambos os textos, além de inseri-los dentro de uma mesma perspectiva.

ASSUNTO(S)

literatura comparada - brasileira e irlandesa comparative literature

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