Fragilidade da vida e desenvolvimento das ciências sociais no campo da saúde

AUTOR(ES)
FONTE

Physis: Revista de Saúde Coletiva

DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

A fragilidade da vida humana e a fragilidade da vida social e coletiva são os objetos históricos da medicina e das ciências sociais, respectivamente. Este artigo examina as articulações entre esses dois aspectos da fragilidade da vida, através das relações entre ciências sociais, medicina e saúde pública, em seu histórico de ocasional cooperação mas também de confrontamento e ignorância recíproca, com base em casos históricos - especificamente franceses, ingleses e americanos. Enquanto que na medicina se observa interesse precoce pelos aspectos sociais do adoecer - mesmo que sem maiores conseqüências a longo prazo - nas ciências sociais, exceção feita a Mauss, só após a Segunda Guerra Mundial surgem estudos sistemáticos sobre a saúde, em parte vinculados à implantação de sistemas de proteção social em muitos países no pós-guerra. Em uma conjuntura posterior, de retração econômica e forte crítica social, já na década de setenta do século passado, desenvolve-se na França a sociologia da saúde, dando porém preeminência ao "mercado da saúde" e relegando a reflexão sobre a fragilidade da vida a um plano secundário. Mais recentemente, ao final do último século, a epidemiologia social é resgatada do limbo, enfocando mais uma vez a fragilidade da vida como a um tempo corporal e social, buscando maior aproximação com as ciências sociais. Estas têm uma contribuição fundamental para o campo da saúde pública, analisando sistemas de cuidados médicos e o acesso aos mesmos, o impacto social da fragilidade corporal ou ainda o sentido atribuído pelos indivíduos à experiência da doença. É, por fim, sobretudo na identificação de problemas sociais ligados à saúde de pessoas e populações, demandando ação política, que a contribuição das ciências sociais é fundamental.

ASSUNTO(S)

fragilidade da vida ciências sociais saúde pública

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