Formulações de C. S. Peirce para conceitos-chave do século XIX: o instante e a evolução

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O século XIX viu nascer a produção industrial de bens materiais e a explosão demográfica. Trouxe também à luz os primeiros meios técnicos de comunicação, o telégrafo e a fotografia. Aliados às máquinas impressoras, esses meios foram responsáveis pela explosão do jornal e pelo advento da comunicação de massa. Ao mesmo tempo, revolucionaram-se os meios de transporte acionados pela máquina a vapor. Enquanto isso, surgiam grandes rupturas no mundo da arte e da literatura, subvertendo as regras de representação herdadas do passado. Enfim, trata-se de um século de grandes transformações que se fizeram certamente acompanhar por transformações conceituais. Quais os conceitos mais paradigmáticos dessas transformações? Como Charles Sanders Peirce, sem dúvida, o maior pensador norte-americano do período, reagiu a elas, enquanto criava a sua teoria geral dos signos, numa remarcável antecipação da proliferação crescente de signos que seria a tônica do século XX? Essas são as perguntas centrais propostas por esta pesquisa. Os estudos preliminares sobre a história das idéias do século XIX nos levaram à hipótese de que duas das principais correntes conceituais que emergiram nesse século, a valorização do instante como nova instância do tempo e o evolucionismo encontraram na filosofia de Peirce formulações inovadoras que podem nos fornecer subsídios para a leitura das formações culturais que os meios de comunicação de massa trouxeram à tona. Assim sendo, o objetivo desta pesquisa foi trazer à reflexão a semelhança entre a concepção peirceana de primeiridade e o conceito de instante, assim como analisar o diálogo que Peirce desenvolve com o pensamento evolucionista que não se circunscreve aos limites da biologia, mas penetra também em todas as dimensões do social: o econômico, o político e o cultural. Por se tratar de uma pesquisa eminentemente teórica, a metodologia adotada respaldou-se na pesquisa bibliográfica, na sistematização dos conceitos e nas técnicas de argumentação que cabem a esse tipo de pesquisa. Para o tema do instante no século XIX foi tomado como ponto de partida o estudo de Leo Charney - Num instante: o cinema e a filosofia da modernidade. Este trabalho nos fez compreender a valorização do instante que emerge no campo da estética no período oitocentista como uma forma de resgatar a possibilidade de resposta sensorial diante da transitoriedade e do excesso de estímulos do ambiente moderno. A concepção de primeiridade desenvolvida por Peirce foi analisada, a partir dos escritos do próprio autor e das contribuições de alguns de seus comentaristas, principalmente Santaella e Rosensohn. O estudo comparativo entre a primeiridade e o instante revelou-nos que ambos podem ser interpretados como rupturas ao excesso de estímulos da modernidade, engendrados pela explosão demográfica e pela transformação do ambiente comunicacional em função do surgimento de novos meios de comunicação de massa e da expansão dos já existentes. O exame do paralelismo acima exposto foi seguido pela análise e interpretação das reflexões de Peirce sobre o evolucionismo em franca expansão no século XIX, devido às implicações advindas da teoria Darwiniana. Examinamos as teorizações que Peirce estabelece para explicar o processo evolutivo, ao qual, em sua perspectiva, não somente os seres vivos, mas também os Estados, instituições, linguagens e idéias estariam submetidos. Os escritos do autor e de alguns dos principais evolucionistas contemporâneos, especialmente Ernest Mayr e Stephen Jay Gould, foram as principais fontes teóricas desta parte da tese

ASSUNTO(S)

comunicações evolucionismo charles sanders peirce comunicacao evolucao comunicacao peirce, charles sanders -- 1839-1914 -- critica e interpretacao evolutionism século xix firstness seculo 19 nineth century charles sanders peirce

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