Formação profissional e atividades de trabalho : analise das necessidades identificadas por psicologos organizacionais

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1992

RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivo principal a identificação e análise das necessidades derivadas das atividades de trabalho do psicólogo organizacional brasileiro e suas inter-relaçóes com a formação profissional, além das condições e implicações das referidas necessidades. A interdependência dos fatores, dentro do enfoque dos sistemas sociais, foi a noção básica utilizada para compreender e sistematizar os conteúdos verbais coligidos através de entrevistas individuais e recorrentes, com sete participantes. O procedimento de coleta e análise dos dados caracterizou-se como qualitativo, enquanto a pesquisa, em sua global idade, caracterizou-se como exploratória e descritiva. As necessidades foram apreendidas como discrepâncias entre a situação atual e a situação desejada da formação profissional e das atividades de trabalho do psicólogo organizacional. O problema constituiu a própria discrepância entre as duas situações. Neste modelo, a resolução do problema implica em estabelecer ações em busca de um padrão desejado. A presente pesquisa restringiu-se ao levantamento, à análise das necessidades, condições e implicações, e à elaboração de recomendações prospectivas. Conforme os valores adotados, as metas da atuação do psicólogo organizacional extrapolam a visão tradicional de ajustamento do indivíduo ao trabalho e busca de eficiência máxima. Prioriza-se o desenvolvimento da pessoa, através de mudanças planejadas e participativas, onde o homem possa adquirir maior controle de seu ambiente. O crescimento individual que se pretende deve conduzir o homem a discernir sua inserção nas relações com o grupo e as relações do grupo com a estrutura organizativa e com a sociedade. Constatou-se que o psicólogo organizacional brasileiro executa um pequeno número das possibilidades de aplicação que a área dispõe. Além disto, o psicólogo não está preparado nem mesmo para o pouco que executa. Permanece afastado dos modelos explicativos da realidade das organizações, não possui parâmetros de julgamento do próprio trabalho e mantém-se distante do papel de agente de transformação. O psicólogo organizacional deve tornar suas contribuições conhecidas da comunidade, visualizar as conexões interdisciplinares de suas atividades e posicionar -se de modo que os profissionais de outras áreas possam compreender sua prática. Deve estar preparado para a discussão do referencial científico­metodológico que sustenta sua prática e os resultados que obtém, mas preparado também para a discussão dos valores que sustentam diferentes direcionamentos do trabalho. É necessário procurar reverter a expectativa generalizada nas organizações e a estereotipia que existe nos cursos em relação ao papel do psicólogo organizacional. Faz-se necessária a criação de grupos de referência para fortalecer a identidade profissional. A formação não deveria compartimentar ou estigmatizar algumas atividades como menos nobres. A formação é responsável por fornecer um parâmetro para identificação e análise do fenômeno organizacional e que sustente uma apreensão crítica do contexto das organizacões. A _ possibilidade de se ter um profissional que age com autonomia só é viável através de uma aprendizagem preocupada com esse objetivo. Acredita-se que as mudanças curriculares deveriam pautar-se prioritariamente por uma análise minuciosa das atividades correntes e das atividades potenciais do campo profissional. Urge aumentar a oferta de cursos de mestrado e criar cursos de doutorado na área, para que se tenha a possibilidade de um redirecionamento através da qualificação de docentes autenticamente envolvidos com a área e qualificados para o ensino e a condução de pesquisas.

ASSUNTO(S)

psicologos - formação psicologia industrial psicologia educacional

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