"Formação de sanitaristas e políticas de saúde pública em Minas Gerais, 1947-1955"
AUTOR(ES)
Edite Novais da Mata Machado
DATA DE PUBLICAÇÃO
1990
RESUMO
Esta dissertação apresenta um estudo histórico sobre os programas de formação de médicos sanitaristas desenvolvidos pela Escola de Saúde Pública de Minas Gerais, entre 1947 e 1955. Focalizamos a criação da Escola de Saúde Pública na conjuntura 1946/47, suas relações com o governo do Estado, os cursos promovidos e o perfil dos sanitaristas formados naquele período. A partir do reconhecimento dos vinculos entre o processo de formaçãosanitaristas e a formulação de políticas de saúde , realizamos uma revisão de história dessas políticas em Minas Gerais, abrangendo: as políticas higienistas do final do século passado e início deste, a saúde pública das décadas de 20 e 30 e as políticas de de saúde e assistência dos anos 40 e 50. Privilegiou-se , nessa etapa da investigação, o recurso a fontes primárias(coleção de leis e decretos estaduais, relatórios, documentos impressos, notícias de jornal, discursos e conferências). O quadro evolutivo das políticas e dos programas de saúde regional foi complementado com o estudo das políticas das políticas de saúde pública no Brasil , desde o início do século aos anos 50. Foram tomados como referência estudos e análises já desenvolvidos, nas áreas de história da saúde pública, medicina social, políticas e condições sociais no Brasil. Ao final, avaliamos o significado dos programas de formação técnica em saúde , na forma como se desenvolveram em dois sentidos. Primeiro, enquanto programa de formação de quadros especializados, serviria de contraponto ao clientelismo político predominante na administração pública. Intergrar-se -ia, assim, à proposta de reforma das instituições públicas voltada para a restauração democrática. Isto significaria, em última instância, uma orientação intencionalmente desenvolvida para o fortalecimento do movimento em favor da ampliação dos direitos sociais. Em segundo lugar, avaliamos o significado político do projeto de formação de sanitaristas: ao definir competência técnico-científica como critério de autoridade, postulando a neutralidade dos novos sanitaristas frente às disputas político-partidárias, a proposta oficial implicaria a constituição de um grupamento com interesses prórpios e a possibilidade de afirmar-se como força política. Integrados ao executivo estadual, os sanitaristas, como grupamento potencializado, deveriam participar do rearranjo do poder político, no âmbito dos municípios e regiôes do estado. Verificou-se, no entanto, que o movimento político desencadeado pela Saúde Pública em Minas Gerais ,fortalecido às custas da intensificação dos programas de formação de quadros especializados , não chegaria a desenvolver-se como em momentos anteriores, dados os limites impostos pelo processo de redemocratização, somados à fragmentação interna da Saúde Pública nacional, que separou o cuidado à saúde da população trabalhadora, da atenção às massas não reconhecidas em seus direitos de cidadania.
ASSUNTO(S)
educação teses ensino superior
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/FAEC-86UFRNDocumentos Relacionados
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