Fluxo de pólen e estrutura genética espacial em uma população de tabebuia aurea (Bignoniaceae) na estação ecológica de águas emendadas, D

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Tabebuia aurea (Bignoniaceae), é uma árvore do Cerrado polinizada por abelhas de grande porte e dispersa pelo vento. No presente trabalho foram analisados a diversidade genética em três estágios de indivíduos (plântulas, juvenis e adultos), a estrutura genética espacial (em indivíduos juvenis e adultos) e o fluxo gênico entre duas estações reprodutivas (nos anos de 2004 e 2005) em uma população de T. aurea localizada na Estação Ecológica de Águas Emendadas em Planaltina DF. Todos os indivíduos adultos (260 no total) em uma área de 40 hectares e 203 indivíduos juvenis em uma subaérea de 1,6 hectares foram marcados e mapeados. Dentre os indivíduos adultos, 21 árvores mães foram selecionadas para compor as famílias de polinização aberta das quais as plântulas foram obtidas. Folhas expandidas de todos os indivíduos foram coletadas para a extração de DNA e posteriormente esses foram genotipados utilizando dez locos microssatélites desenvolvidos para T. aurea. A estrutura genética espacial foi determinada a partir de uma análise de autocorrelação espacial utilizando os indivíduos adultos e juvenis da população, separadamente, para classes de distâncias entre 05 e 350 metros para juvenis e de 10 a 2750 metros para adultos. Foram obtidas as distâncias par a par dos indivíduos juvenis e dos adultos que estão na subárea de 1,6 hectares na qual os juvenis foram amostrados e as distribuições de distâncias foram comparadas através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Além disso, a distância de dispersão de semente foi estimada utilizando os genótipos dos indivíduos adultos e juvenis da população, separadamente, através de um método indireto baseado em isolamento por distância. A distância de fluxo de pólen foi obtida a partir da atribuição de paternidade das plântulas. Para as três gerações, a heterozigosidade observada foi menor que a esperada o que resultou em valores positivos e significativos do índice de fixação (f), indicando que o mesmo tem papel importante na determinação da estrutura da população. A análise de autocorrelação espacial indicou que o parentesco está correlacionado com a distância espacial para ambos os estágios de indivíduos observados (b = - 0,00580, R2 = 0,011, p <0,001 para os adultos e b = - 0,0275 R2 = 0,00876, p <0.001 para os juvenis). Além disso, para ambos os estágios o valor de parentesco médio entre os indivíduos é maior para a primeira classe de distância, e para classes mais distantes (acima de 40 metros para os juvenis e acima de 300 metros para adultos) o valor é negativo, porém significativo, o que demonstra que existe isolamento por distância na população. A estimativa de distância de dispersão de semente é maior quando obtida a partir dos indivíduos adultos (166 metros) quando comparado aos juvenis (33 metros). Adicionalmente, as distribuições de distâncias entre adultos e juvenis são significativamente diferentes (teste de Kolmogorov-Smirnov = 0,0892 p <0,001) indicando que existe sobrevivência diferencial dos indivíduos juvenis em relação aos adultos. O teste de atribuição de paternidade detectou alta taxa de autofecundação em ambas as estações reprodutivas (42,5% em 2004 e 20,5% em 2005). Dessa forma T. aurea apresenta sistema misto de polinização. A distância máxima de dispersão de pólen foi de 2.608m e a distância média de dispersão de pólen foi significativamente diferente entre as duas estações reprodutivas (307,78 m em 2004 e 396,26 m em 2005) e a maioria dos eventos de polinização (65%) ocorreram em distâncias inferiores a 300 metros em ambos os anos. O padrão de distribuição de T.aurea em grupos e a floração big-bang levam à permanência de polinizadores na mesma planta e em grupos de indivíduos próximos devido à alta disponibilidade de recurso, promovendo autofecundação e curtas distâncias de dispersão de pólen.

ASSUNTO(S)

bignoniáceas biotecnologia cerrados microssatélites genética genetica tabebuia aurea bigniniaceae cerrado microssatellite genetic diversity spatial autocorrelation pollen flow

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