Floristica e sindromes de polinização e dispersão em um fragmento de floresta estacional semidecidua montana, municipio de Pedreira, Estado de São Paulo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Foi realizado um levantamento das espécies de arbustos, arvoretas, árvores e palmeiras em fragmentos da Floresta Estacional Semidecídua Montana, na Fazenda Bela Vista (46º54 W e 22º44 S, 750 a 850 m de altitude), município de Pedreira, estado de São Paulo, com os objetivos de conhecer a sua composição florística, saber quais síndromes de polinização e de dispersão estariam presentes, em que proporções ocorreriam, como se distribuiriam entre os estratos verticais e entre a borda e o interior dos fragmentos e conhecer quais as origens das famílias botânicas no estado de São Paulo. Foram feitas coletas semanais de flores e/ou frutos de indivíduos lenhosos com DAP maior que 3 cm, durante 15 meses, através de caminhadas no interior e na borda dos fragmentos. Consideraram-se os estratos superior (altura >9 m), médio(4,5-9 m) e inferior (1-4,5 m) e definiu-se a borda como uma faixa de 50m de distância do limite externo dos fragmentos. Foram encontradas 151 espécies de angiospermas, pertencentes a 106 gêneros e 47 famílias. As famílias mais ricas em espécies foram: Leguminosae, Myrtaceae, Lauraceae, Rubiaceae, Meliaceae, Piperaceae e Solanaceae. Os gêneros com maior número de espécies foram: Ocotea, Piper, Machaerium, Miconia, Eugenia e Solanum. A maioria das espécies apresentou síndrome de melitofilia (47%), seguida de síndromes não especializadas (14%), falenofilia (12%), miiofilia (8%), psicofilia (6%), ornitofilia, quiropterofilia, cantarofilia (<5% cada uma) e anemofilia (<3%). Não se encontraram diferenças significativas na distribuição das síndromes de polinização entre os estratos, nem entre o interior e a borda, mas anemofilia, quiropterofilia e ornitofilia não ocorreram no interior dos fragmentos. As síndromes zoocóricas predominaram com 61,6%, seguindo-se as anemocóricas (27,1%) e autocóricas (11,3%). A distribuição das espécies zoocóricas diferiu significativamente entre os estratos somente na borda, espécies anemocóricas predominaram no estrato superior tanto na borda quanto no interior e espécies anemocóricas e autocóricas não ocorreram nos estratos médio e inferior do interior dos fragmentos. No estudo da origem das famílias botânicas no estado de São Paulo foram analisados 14 levantamentos na Floresta Estacional Semidecídua Montana e 15 na Floresta Estacional Semidecídua Submontana. Através de análises multivariadas de classificação e de ordenação, verificou-se uma tendência à separação entre as formações Montana e Submontana em nível de famílias. Para estudar a origem das famílias botânicas, foram considerados cinco possíveis origens (gondwânicas com centro de distribuição amazônica, gondwânica com centro de distribuição andino, laurásicas, origens diversas e origens desconhecidas). As famílias com táxons arbóreos na Floresta Estacional Semidecídua do estado de São Paulo têm predominantemente origem gondwânica. Famílias de origem laurásica e espécies de famílias de origem gondwânica com centro de distribuição andino predominaram na formação Montana. Famílias e espécies de famílias de origem gondwânica com centro de distribuição amazônico predominaram na formação Submontana. O predomínio da origem gondwânica na Floresta Estacional Semidecídua paulista indica uma origem comum à grande maioria de seus táxons arbóreos. Porém, a maior proporção de famílias laurásicas e de espécies de famílias de origem andina na formação Montana, indica que pelo menos parte dessa formação teria uma origem diferente daquela da flora da formação Submontana, na qual ocorreu maior proporção de famílias e de espécies de origem amazônica

ASSUNTO(S)

floristica - pedreira (sp) polinização polen - espalhamento

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