Floristica e fitossociologia de trecho da Serra da Cantareira, Nucleo Aguas Claras, Parque Estadual da Cantareira, Mairipora - SP

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

área de estudo situa-se na Serra da Cantareira, Núcleo Águas Claras, do Parque Estadual da Cantareira, no município de Mairiporã, SP, em altitude que varia entre 950 e 1074 m. O clima é classificado como mesotérmico úmido, sem estação seca definida, do tipo Cfb. Foi realizado um levantamento florístico e fitossociológico ao longo de um transecto do topo do morro ao curso d? água com extensão de 660 metros. O método utilizado no levantamento fitossociológico foi o de parcelas, utilizando-se o transecto como eixo, onde foram instaladas 67 parcelas, com comprimento de 10 metros e largura de 25 metros, em área total de 1,675 ha. O critério de inclusão adotado foi o perímetro maior ou igual a 15 centímetros à altura do peito (P AP). As árvores mortas e em pé que atingiram esse perímetro também foram amostradas. O número de espécies amostradas no levantamento florístico geral foi 194, distribuídas erI1 127 gêneros e 60 famílias. As famílias Myrtaceae (26) e Lauraceae (17) e os gêneros Ocotea e Eugenia (9) destacam-se apresentando as maiores riquezas de espécies. No levantamento fitossociológico foram amostradas 144 espécies, distribuídas em 94 gêneros e 49 famílias, representando 75% do total de espécies do levantamento florístico geral. No levantamento fitossociológico foram amostrados 2384 indivíduos vivos e 148 mortos. O índice de ShannonWiener (R ) calculado foi de 3,834 nats/ind., enquanto o índice de equabilidade (J) foi de 0,771. Seis dessas espécies estão na lista de espécies ameaçadas de extinção do Estado de São Paulo: em perigo - Beilschmiedia emarginata e Ocotea odorifera e, vulneráveis - Euplassa cantareirae, Ocotea catharinensis, Roupala brasiliensis e Trichilia silvatica. Entre as espécies com os maiores valores de importância e cobertura, destacam-se Psychotria suterella, Sorocea bonplandii, Trichilia silvatica, Heisteria silvianÜ, Calyptranthes grandifolia e Gomidesia tijucensis no estrato inferior, Ecc/inusa ramiflora, Heisteria silvianii, Cabralea canjerana, Cupania oblongifolia, Diploon cuspidatum, Mouriri chamissoana, Bathysa australis e Sloanea monosperma no estrato intermediário, Cinnamomum pseudoglaziovii, Alchornea triplinervia, Ocotea catharinensis, Beilschmiedia emarginata, Cryptocarya moschata, Aspidosperma olivaceum, Heisteria silvianii e Cordia sellowiana no estrato superior. No presente estudo, Cinnamomum pseudoglaziovii, Heisteria silvianii, Alchornea triplinervia, Ecc/inusa ramiflora e Ocotea catharinensis destacaram-se pela dominância relativa (DoR), Heisteria silvianii, Psychotria suterella, Ecc/inusa ramiflora, Sorocea bonplandii e Trichilia silvatica pela densidade relativa (DR) e Heisteria silvianii pela frequência relativa (FR). As outras espécies apresentaram maiores valores de importância e cobertura pelo conjunto dos valores obtidos para cada um desses parâmetros. Lauraceae foi a família de maiores valores de importância e cobertura, seguida de Olacaceae, Sapotaceae, Meliaceae, Myrtaceae, Rubiaceae e Euphorbiaceae. Lauraceae, Olacaceae, Euphorbiaceae, Sapotaceae e Meliaceae destacam-se pela dominância relativa (DoR), Olacaceae, Rubiaceae, Myrtaceae, Sapotaceae e Lauraceae pela densidade relativa (DR). A maior similaridade florística foi detectada com levantamentos realizados na Província Costeira (Serrania e Morraria Costeira), Planalto Atlântico (serrania limítrofe à Serrania Costeira) e na própria Serra da Cantareira, porém o maior grau similaridade foi alcançado com a própria Serra da Cantareira, região do Pinheirinho. As análises de classificação e ordenação de parcelas indicaram quatro grupos principais, que foram denominados conforme sua posição na vertente em estudo: topo de morro, alta encosta, média e baixa encostas e fundo de vale/zona ripária. Essas análises mostraram-se um adequado instrumento para a identificação desses grupos principais, confirmando as principais variações fisionômicas encontradas em campo. Os solos identificados no topo de morro foram o organossolo mésico sáprico e cambissolo húmico e, na encosta, argissolo vermelho-amarelo, nitossolo háplico, cambissolos húmicos, argissolo melânico, neossolo câmbico melânico, cambissolos melânicos e cambissolos. Esses solos apresentaram os caráteres distróficos, álicos e muito ácidos. As análises fisico-químicas evidenciaram variações nos teores dos elementos potássio, cálcio, magnésio, dentre outros, e nos teores de areia grossa, silte e argila, não ocorrendo um gradiente único no sentido topo de morro - curso d água, portanto as maiores diferenças encontradas foram as condições diferenciadas de umidade e textura. As diferenças fisionômicas e estruturais da vegetação na área em estudo, evidenciadas pelas espécies de maiores valores de importância e cobertura, sugerem a existência de padrões e grupos de espécies associados aos solos, relevo e posição na vertente, relacionados a condições de umidade e textura dos solos e luminosidade. Outro fator importante é o estádio sucessional. Na área em estudo, predominam trechos em estádio maduro. Na alta encosta, foi caracterizado um estádio intermediário

ASSUNTO(S)

ecologia vegetação - brasil parques florestas - conservação mata atlantica

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