Fish ladder of Lajeado Dam: migrations on one-way routes?

AUTOR(ES)
FONTE

Neotropical Ichthyology

DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Escadas de peixes são geralmente concebidas para restabelecer a conectividade entre habitats críticos de espécies migradoras, atenuando os impactos da interceptação de rotas de migração por barragens. Para que esse instrumento de manejo tenha significado na conservação das espécies é necessário que a permeabilidade dessa conexão seja ampla e que os movimentos ascendentes e descendentes sejam assegurados. Entretanto, como os reservatórios têm uma hidrodinâmica muito distinta do rio original, postula-se que, pelo menos em sua área mais interna ele possa se constituir em uma barreira adicional a esses movimentos, especialmente os descendentes. Assim, esse trabalho busca avaliar se peixes migradores e sua prole dispersam para os trechos abaixo da barragem após a transporem e desovar nos trechos altos da bacia. Com esse propósito, foi avaliado o grau de restrição oferecido pelas áreas lênticas de reservatórios aos deslocamentos descendentes de ovos, larvas e adultos de espécies migradoras, identificada a abundância e composição das larvas presentes no plâncton das imediações da barragem e comparada a intensidade dos movimentos ascendentes e descendentes de peixes. Foram realizadas amostragens de ictioplâncton a montante, no reservatório e em seu trecho a jusante, bem como nas imediações da barragem de Lajeado (rio Tocantins; UHE Luis Eduardo Magalhães) durante o período de outubro de 1999 a setembro de 2004 e determinado, experimentalmente, em oito ocasiões durante o período de junho de 2004 e março de 2005, a densidade de peixes em movimentos ascendentes e descendentes na escada de peixes desse reservatório. Já a avaliação na distribuição de peixes migradores em reservatórios foi baseada no acompanhamento dos desembarques da pesca comercial praticada ao longo do reservatório de Itaipu durante os quatro anos que precederam a construção do mecanismo de transposição atualmente existente (2001 a 2003). Os resultados obtidos demonstraram que os ovos e larvas de peixes em deriva, pelo rio Tocantins, desaparecem das amostras na metade inferior do reservatório e aqueles encontrados na água vertida ou turbinada pela barragem de Lajeado e na escada de peixes pertencem, essencialmente, a clupeídeos não migradores, com desovas nas áreas internas do reservatório. Revelam ainda que, em reservatório sem mecanismo de transposição, os peixes migradores selecionam habitats que ainda mantém características fluviais, nos segmentos superiores da área represada. Os experimentos realizados na escada revelam que os movimentos descendentes são irrelevantes quando comparados aos ascendentes. Conclui-se, portanto, que a escada de peixes de Lajeado, e possivelmente de várias outras barragens, é essencialmente uma via de mão única que promove subidas massivas de migrantes sem o almejado retorno de adultos ou de sua prole. Assim, a baixa permeabilidade das conexões proporcionadas por esses instrumentos de manejo pode aumentar drasticamente o nível do impacto ambiental para cuja atenuação ele foi concebido.

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