FIOS DE UMA HASHTAG: ENTEXTUALIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA FACE A DESAFIOS POLÍTICOS E SANITÁRIOS NO BRASIL

AUTOR(ES)
FONTE

Trab. linguist. apl.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-09

RESUMO

RESUMO O cenário para este artigo é a combinada crise sanitária e política que o Brasil vem enfrentando nesses tempos sem precedentes de pandemia de COVID-19. O país está polarizado ideologicamente e essa polarização aumentou no último ano e meio do governo Bolsonaro. Um período sombrio caracterizado por uma forma de governar que Silva (2020) denomina “pragmática do caos” devido ao negacionismo (até mesmo da própria pandemia) e aos valores neoliberais caros a uma direita radical, que apoia o Presidente e defende a descontinuação de políticas públicas importantes, principalmente as voltadas a grupos minoritários e de proteção ambiental. Tendo em vista tal cenário, e em meio ao espanto e à inação da sociedade em relação às ações contraditórias do Presidente no que concerne à democracia, optamos por nos concentrar em um raro evento de resistência direta protagonizado por um migrante de origem haitiana, que disse na cara do Presidente o que talvez muitos brasileiros não tenham ousado dizer. Essa performance, gravada em um celular e postada como um tweet, viralizou, dando origem a uma hashtag - #acaboubolsonaro [ItsOverBolsonaro] - que continua viva sete meses depois. Focalizando a performance de resistência e sua entextualização nas redes sociais, tentamos reconstituir alguns dos tópicos percorridos pela hashtag em duas contas do Twitter e algumas das reverberações no Instagram. Também discutimos como o fio discursive das postagens delineia um tecido metarreflexivo sobre a performance do Homem. Vemos essa metarreflexão como um reconhecimento de outra práxis, que chamamos de “pragmática da resistência”.

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