Filhos de alcoolistas: afetividade e conflito nas relações familiares / Children of alcoholic: affectivity and conflit in family relationships

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O presente estudo teve como objetivos: verificar os níveis de afetividade e de conflito nas díades pai-mãe, pai-filho, (subsistema parental), identificar a ocorrência de sintomas depressivos, problemas comportamentais e cognitivos nas crianças de 9 a 11 anos, identificar sintomas depressivos nos pais e mães, buscar compreender a história de vida do pai e da mãe em suas famílias de origem, descrever a percepção que pai/marido e mãe/esposa têm do alcoolismo e suas conseqüências para as relações familiares. Participaram deste estudo quatorze famílias cujo pai era alcoolistas e tinham filhos na faixa etária entre 9 e 11 anos. Os critérios de inclusão do grupo foram: pai alcoolista com diagnóstico de dependência de álcool, isto de acordo com a décima versão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10) para transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool, intoxicação aguda (F.10.0), e com eventuais co-morbidades, por exemplo: tabagismo, depressão e ansiedade. E tivesse no mínimo cinco anos de convivência com a esposa e os filhos. Os pais deveriam ter vínculo conjugal (oficial ou consensual). As crianças não deveriam apresentar déficits sensoriais e neurológicos evidente, históricos de ferimento na cabeça, ainda, não estarem em atendimento psicológico e /ou psiquiátrico e não terem histórico de uso ou de dependência química. A mãe não deveria apresentar dependência de álcool e drogas, podendo ser incluído mãe tabagista. Os instrumentos utilizados foram: roteiro de identificação familiar, Familiograma, Genograma e roteiro sobre o histórico de alcoolismo. Os instrumentos para avaliação das variáveis pessoais da criança foram: Escala Comportamental Infantil A2 de Rutter (ECI), Inventário de Depressão Infantil (IDI), Matrizes Progressivas Coloridas de Raven. Para avaliar sinais de depressão nos pais e mães foi utilizado o Inventário de Beck de Depressão. A coleta de dados foi realizada por meio de três visitas para as famílias, com horário e dia marcados com os pais. Os resultados revelaram: a percepção de mais afetividade na relação mãe e filho e mais conflito na relação conjugal, sugerindo que existe mais proximidade entre mãefilho e distanciamento na relação pai-filho. A história da família de origem dos pais revelou que os mesmos foram filhos de pais alcoolistas e tiveram um relacionamento mais próximo com suas mães e distante com seus pais. Ao correlacionar o nível de afetividade de mães com seus filhos e com a presença de sintomas de depressão e problemas de comportamento observa-se que quanto mais afetividade o filho percebe em sua relação com a mãe menos sinais de depressão ele apresenta e menos sinais de problemas de comportamento. Pesquisar as relações de famílias alcoolistas pode contribuir para identificar as variáveis familiares que estão interferindo nesse percurso, planejar projetos de intervenções que incluam a família auxiliando o paciente alcoolista a restabelecer sua vida familiar e, conseqüentemente, diminuir as chances desta criança de desenvolver uma dependência.

ASSUNTO(S)

filhos de alcoolistas alcoholism nursing relações familiares alcoolismo psychology enfermagem family relationships psicologia alcoholic children (coas)

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