Feminização, estigma e o gênero facializado: a construção moral do gênero feminino por meio de cirurgias de feminização facial para travestis e mulheres transexuais

AUTOR(ES)
FONTE

Saude soc.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2018-06

RESUMO

Resumo Este artigo objetiva analisar os discursos de gênero construídos em torno das chamadas “cirurgias de feminização facial” tanto pelo discurso científico biomédico como por clínicas que oferecem tais procedimentos, os quais têm se tornado bastante populares entre travestis e mulheres transexuais. A partir de levantamento bibliográfico feito no website Google Acadêmico, inicialmente analiso artigos científicos do campo biomédico que buscam construir uma noção de gênero - ou uma identificação de gênero - por meio do conjunto dos traços faciais. Essa literatura biomédica fornece as bases a partir das quais profissionais e clínicas médicas construirão discursos e práticas acerca da “necessidade” e, por conseguinte, de um desejo desse tipo de intervenção para travestis e mulheres transexuais. Na sequência, analiso como tal discurso é encarnado (embodied) na descrição e na técnica dos procedimentos cirúrgicos da dita feminização facial a partir de material etnográfico de tese de doutorado sobre o Miss T Brasil, concurso de beleza voltado para travestis e mulheres transexuais. Os resultados demonstram que tanto o saber biomédico como as práticas em torno de tais cirurgias se pautam em ideais de constituição de uma “naturalidade” nos traços faciais e preservação de uma identidade reconhecida como pessoal. Constrói-se e visibiliza-se, assim, determinada feminilidade para travestis e mulheres transexuais que tanto parece corresponder a desejos pessoais de se alcançar um ideal normativo e socialmente validado de feminino, ao mesmo tempo que se promoveria o encobrimento de um estigma ao se permitir que elas “passem por” mulher em uma relação social ordinária.

ASSUNTO(S)

cirurgias plásticas feminização facial transexualidade travestilidade estigma

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