Fatores de risco para infecções parasitárias gastrointestinais em cães do entorno de áreas protegidas da Mata Atlântica: implicações para a saúde humana e da vida selvagem
AUTOR(ES)
Curi, N. H. A., Paschoal, A. M. O., Massara, R. L., Santos, H. A., Guimarães, M. P., Passamani, M., Chiarello, A. G.
FONTE
Braz. J. Biol.
DATA DE PUBLICAÇÃO
15/08/2016
RESUMO
Resumo Apesar da ubiquidade dos cães domésticos, de seu papel como reservatório de doenças, e do grande número de estudos sobre parasitas de cães urbanos, as áreas rurais no Brasil, especialmente aquelas na interface entre animais silvestres - animais domésticos - humanos, tem recebido pouca atenção de cientistas e gestores de saúde pública. Este artigo relata um estudo epidemiológico seccional de parasitas gastrointestinais de cães rurais em propriedades no entorno de fragmentos de Mata Atlântica. Através de métodos parasitológicos como flutuação e sedimentação, 13 táxons de parasitas (11 helmintos e dois protozoários) foram encontrados em amostras de fezes dos cães. O mais prevalente foi o nematóide Ancylostoma (47%), seguido por Toxocara (18%) e Trichuris (8%). Outros parasitas menos prevalentes (<2%) encontrados foram Capillaria, Ascaridia, Spirocerca, Taeniidae, Acantocephala, Ascaris, Dipylidium caninum, Toxascaris, e os protozoários Cystoisospora and Eimeria. Infecções mistas foram detectadas em 36% das amostras, a maioria por Ancylostoma e Toxocara. Vermifugações prévias não foram associadas a infecções, indicando que esta medida preventiva está sendo realizada incorretamente pelos proprietários. Com relação aos fatores de risco, cães com menos de um ano tiveram maior probabilidade de infecção por Toxocara, e os cães de raça pura por Trichuris. O número de gatos na propriedade foi associado positivamente com a infecção por Trichuris, enquanto cães machos e baixos escores corporais foram associados a infecções mistas. A ausência de associações com comportamento de vida livre e acesso a florestas ou vilas pelos cães indica que as infecções estão sendo predominantemente adquiridas nas propriedades. Os resultados destacam o risco de infecções parasitárias zoonóticas e para animais silvestres a partir dos cães, e a necessidade de monitorar e controlar os parasitas de animais domésticos em áreas de interface entre humanos e a vida selvagem.
ASSUNTO(S)
canis familiaris endoparasitas interface humanos-vida selvagem zoonoses áreas protegidas
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