Fatores de Risco para Infecções em Transplante Renal

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Objetivos: Verificar a prevalência de infecções hospitalares (IHs) ocorridas até 30 dias após o transplante renal no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Goiânia e analisar os fatores de risco para aquisição de infecção de sítio cirúrgico (ISC) em pacientes submetidos a transplante renal(Txr) e as conseqüências das infecções. Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo no período que compreende janeiro de 2004 a junho de 2006, determinando as infecções hospitalares ocorridas nos primeiros 30 dias após o Txr, e os fatores de risco para a aquisição de ISC e suas conseqüências. Foi elaborada uma ficha como instrumento para a coleta de dados, contendo informações clínicas e demográficas dos pacientes desde a data da internação até a alta hospitalar. Resultados: Foram analisados 108 transplantados renais 49 (45,4%) do sexo feminino e 59 do sexo masculino (54,6%) e os enxertos de doador vivo foram a maioria, 67 (62%) e de doador cadáver 41 (38%). A média de idade foi de 38,1 anos e do período do tempo de internação hospitalar de 16 dias. A taxa de incidência de IH bacteriana nos receptores foi de 35,18% e ocorreu em 28 (25,9%) pacientes, e nove receptores tiveram dois ou mais episódios de infecção durante a internação. Nessa revisão diagnosticou-se 38 episódios de infecção hospitalar bacteriana, 20 (18,5%) casos de infecção do trato urinário (ITU), 9 (8,33 %) de ISC, 3 ( 2,77%) casos de pneumonias, 5 (4,62%) de infecção de corrente sanguínea (septicemia) e outras infecções 1 (0,92 %) caso. Nos primeiros 30 dias, não ocorreu perda de nenhum enxerto e não houve nenhum óbito. O número de episódios de infecção foi diretamente proporcional ao aumento da média e da mediana de internação (p<0,001). ITU foi a infecção mais incidente e os receptores de enxerto de doador cadáver foram mais propensos á ITU do que os de doador vivo e tiveram mais do dobro de chance de contraí-la (p<0,046; OR=2,363). Cinqüenta e quatro receptores (50%) apresentaram disfunção do enxerto, treze recuperaram a função renal sem a necessidade do tratamento dialítico e 41 (38%) o realizaram fazendo hemodiálise na maioria absoluta dos casos. Órgãos de doador cadáver foram mais susceptíveis à ocorrência de disfunção de enxerto (p=0,001), numa razão de quase vinte vezes maior (OR= 19,600). Na análise multivariada, representaram risco a ISC; tempo de tratamento dialítico pré-tranplante, presença de disfunção de enxerto, necessidade de tratamento dialítico pós-transplante e quantidade em unidades no uso de hemoderivados. Conclusões: Os baixos índices na doação efetiva de órgãos significaram menor número de enxertos de doador cadáver no período de estudo. As IHs bacterianas prolongaram o período de tempo de internação hospitalar. Tempo de duração do tratamento dialítico, disfunção de enxerto, necessidade de tratamento dialítico pós-transplante e aumento no volume de infusão de hemoderivados associados, representaram maior risco a ISC. A disfunção de enxerto ocorreu em maior incidência nos enxertos de doador cadáver. A ITU foi a infecção mais incidente, significando risco para ocorrência de ISC. Receptores de enxerto de doador cadáver foram mais susceptíveis ITU. Reoperações, complicações urológicas e hematomas de ferida operatória, predispuseram à ISC.

ASSUNTO(S)

renal transplant, infection, risk factors ciencias da saude transplante renal, infecção, fatores de risco.

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