Fatores de risco e mecanismos de proteção nas narrativas das famílias em situação de violência conjugal

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Tomando como referência a noção de resiliência em famílias como um processo interativo e dinâmico, numa abordagem ecológica das relações humanas, esta dissertação está voltada para a identificação dos processos de resiliência em famílias com história de violência conjugal, através das narrativas familiares sobre os fatores de risco e mecanismos de proteção. A violência conjugal tem sido amplamente investigada em função das conseqüências marcantes e traumáticas para as vítimas e por ser um modelo relacional de difícil enfrentamento por parte dos próprios membros da família como também dos setores mais amplos da sociedade. Através da técnica da narrativa foram investigados dois casos de famílias com histórias de violência conjugal. E através da inserção ecológica da pesquisadora na Delegacia para a Mulher, foi compreendida a violência conjugal através das percepções destes profissionais. Foram identificadas tanto as crenças familiares, os padrões organizacionais e as formas de comunicação em relação aos eventos violentos, como os mecanismos de proteção e as situações de risco nas famílias nos diferentes contextos. Entre os fatores de risco que geraram vulnerabilidade identificaram-se crenças sobre o papel da mulher como mantenedora da família, a passividade diante do marido e a função de principal educadora e protetora dos filhos. As características masculinas são oriundas de um modelo relacional de violência à mulher vivenciado em suas famílias de origem e perpetuado através da herança transgeracional. Um aspecto na promoção do processo de resiliência para essas duas famílias se relacionou à forma como construíram suas histórias de afeto, cuidado e proteção aos filhos, um fator de proteção que diminuiu os prejuízos da exposição à violência tanto para as mães como para os filhos. O fenômeno violência aparece nesta pesquisa sob a ótica do social, compreendida na inserção ecológica pela narrativa dos profissionais, confirmando a influência da sociedade que mantém e tolera a violência do homem contra a mulher. Concluindo, é necessário ampliar o olhar das redes sociais de suporte e amparo às famílias em situação de violência conjugal, no sentido de buscar um entendimento destes processos violentos não a partir de uma ótica da doença ou de uma falha familiar, mas como um fenômeno muito maior que se constitui e se mantém na sociedade

ASSUNTO(S)

violência conjugal fatores de proteção e risco protection and risk factors psicologia family família couples violence family resilience resiliência familiar

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