Fatores associados ao sobrepeso e à hipertensão arterial em escolares do município de Viçosa-MG.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Este estudo objetivou avaliar se o sobrepeso e a hipertensão arterial, em crianças, estão associados à ocorrência e duração do aleitamento materno, bem como os fatores ambientais associados ao sobrepeso infantil e a utilização da antropometria na predição da elevada gordura corporal, hipertensão arterial e perfil bioquímico inadequado. Trata-se de um estudo transversal, envolvendo 769 crianças na faixa etária de 6 a 10 anos, matriculadas em escolas urbanas públicas e privadas do município de Viçosa-MG. As seguintes variáveis foram analisadas: peso, altura, circunferências da cintura e quadril, pregas cutâneas tricipital e subescapular, pressão arterial, níveis séricos de colesterol-total, HDL-c, LDL-c, triglicerídeos e glicose. O percentual de gordura corporal foi estimado, a partir de equações preditivas de pregas cutâneas específicas para a faixa etária. O estado nutricional e a pressão arterial foram classificados, conforme preconizado pelo Center for Disease Control and Prevention (CDC, 2000) e pela Sociedade Brasileira de Hipertensão (2002), respectivamente. O estado nutricional materno foi definido, de acordo com a classificação proposta pela World Health Organization (1998). Aplicou-se, preferencialmente às mães, um questionário englobando aspectos familiares, condições de gestação e do nascimento da criança, tempo de amamentação e prática de atividade física pela criança. A prevalência de sobrepeso, hipertensão arterial sistólica e diastólica e de não ter sido amamentado foi 9,9; 34,1; 9,3 e 6,8%, respectivamente. Após o controle das variáveis de confusão pela regressão logística múltipla, nenhuma associação estatística foi encontrada entre a ocorrência e duração da amamentação com as prevalências de sobrepeso e hipertensão arterial, na idade escolar. Baseado na análise de regressão logística múltipla, dentre os fatores associados ao sobrepeso infantil destacam-se a obesidade materna (OR: 6,92; p <0,001), ser filho unigênito (OR: 1,87; p = 0,03), tempo superior a 3 horas diárias em frente à televisão (OR: 1,91; p: 0,04), não realizar educação física na escola (OR: 4,80; p = 0,02) e ser do sexo masculino (OR: 2,60 ; p = 0,001). Tanto o sobrepeso quanto o risco de sobrepeso, classificados pelo CDC (2000), estavam significativamente associados aos maiores valores de pressão arterial sistólica (sobrepeso: OR: 1,17; IC: 1,06 1,30; p = 0,002 / risco de sobrepeso: OR: 1,09; IC: 1,04 1,13; p <0,001), maior percentual de gordura corporal (sobrepeso: OR: 1,41; IC: 1,11 1,79; p = 0,005 / risco de sobrepeso: OR: 1,41; IC: 1,25 1,59; p <0,001) e maior acúmulo de gordura na região abdominal (sobrepeso: OR: 1,59; IC: 1,23 2,05; p <0,001 / risco de sobrepeso: OR: 1,31; IC: 1,17 1,47; p <0,001), em comparação com a eutrofia, de acordo com a análise de regressão logística múltipla. A circunferência da cintura também apresentou associação com o percentual de gordura corporal e pressão arterial sistólica e diastólica, de acordo com a análise de regressão linear múltipla. Não houve associação entre o índice de massa corporal (IMC) e circunferência da cintura com o perfil bioquímico, nem do IMC com a pressão arterial diastólica. A ausência do efeito protetor e da relação dose-resposta do aleitamento materno no sobrepeso e na hipertensão arterial, observada neste estudo, sugere a necessidade de novas pesquisas científicas, principalmente as do tipo longitudinal, uma vez que nestas há maior probabilidade de obter estimativas mais precisas do impacto do leite humano ao longo da vida. Além disso, este estudo possibilita a identificação de fatores ambientais, potencialmente modificáveis, associados ao sobrepeso em crianças do município de Viçosa-MG. A determinação destes fatores é importante, uma vez que o aumento da prevalência de sobrepeso na infância não pode ser, totalmente, explicado pelos fatores genéticos. É importante ressaltar que os pontos de corte, estabelecidos pelo CDC (2000), para definir sobrepeso e risco de sobrepeso pelo IMC, são precisos para a classificação de crianças que apresentam elevado percentual de gordura corporal, distribuição central da gordura e maiores níveis de pressão arterial sistólica. A circunferência da cintura constitui importante medida complementar ao IMC, em estudos populacionais. Entretanto, futuros estudos são necessários para que o IMC e a circunferência da cintura possam ser adotados de maneira confiável, como métodos de referência para estimativa da adiposidade, bem como para uma investigação mais profunda sobre suas associações com o perfil bioquímico e pressão arterial diastólica.

ASSUNTO(S)

aleitamento materno decs dislipidemias decs hipertensão decs criança decs estudos transversais decs obesidade decs antropometria decs sobrepeso decs gravidez decs dissertações acadêmicas decs tese da faculdade de medicina ufmg características da família decs pediatria teses.

Documentos Relacionados