Famílias de catadores de resíduos sólidos urbanos na perspectiva da educação ambiental: condições de risco e processos de resiliência.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2011

RESUMO

No Brasil há um grande contingente de pessoas desempregadas o que fortalece o mercado do trabalho informal. Muitas famílias fazem da coleta de resíduos sólidos e posterior comercialização a principal fonte de sobrevivência financeira. Entretanto, as precárias condições que envolvem esta atividade podem resultar em risco e exclusão social para estes grupos familiares. Diante disso, a presente pesquisa teve por objetivo investigar os possíveis riscos e indicadores de proteção que podem resultar em processos de resiliência familiar de pessoas que vivem sob estas condições. Foram entrevistadas três famílias de catadores de resíduos sólidos urbanos do município de Rio Grande/RS, Brasil. A metodologia que orientou este estudo foi a Inserção Ecológica, associada a outros procedimentos como: a observação naturalística, o diário de campo e a entrevista semi-estruturada, que foi utilizada a partir dos princípios básicos da Entrevista reflexiva. Após a coleta de dados, as entrevistas foram transcritas na íntegra e analisadas seguindo a grounded-theory. Torna-se importante destacar que as três famílias participantes deste estudo são lideradas por mulheres. A partir dos relatos das entrevistadas e da inserção no ambiente natural das famílias se pode constatar processos de resiliência, pois diante das situações de crise, os grupos familiares buscam diferentes estratégias para superá-las. Os resultados evidenciam o papel de proteção de alguns contextos ecológicos, como da família ampliada, dos vizinhos, dos amigos, da escola, dos serviços de saúde e social, e das comunidades religiosas. Essa trama social se constitui em um indicador de fundamental importância na promoção do desenvolvimento destes grupos familiares. Os relatos demonstram que as dificuldades das líderes das famílias entrevistadas de inserção no mercado de trabalho, estão relacionadas a fatores como a baixa escolaridade, condição social (falta de oportunidades e de apoio), e limitações na disponibilidade de tempo. Esta limitação se institui devido aos vários papéis que são atribuídos às responsáveis por estes contextos familiares, como o cuidado e proteção dos membros que integram o grupo familiar, a realização das tarefas domésticas e a busca pelo sustento da família, o que sobrecarrega a figura feminina. Diante de tais responsabilidades, essas mulheres encontraram nas características da profissão de catadora uma alternativa para conseguir garantir sua sobrevida junto ao grupo familiar, pois conseguem trabalhar para obter o sustento e cuidar de suas famílias. Em duas das famílias estudadas, as crianças acompanham e ajudam as responsáveis na realização do trabalho. Além disso, elas denotam consciência das relações de exploração relacionadas ao processo de reciclagem. E apesar dos riscos pessoais e sociais da profissão, as mulheres percebem positivamente sua trajetória pessoal. Esta investigação demonstra a necessidade de formulação de novas políticas públicas que possibilitem uma melhor qualidade de vida para essas trabalhadoras informais; de promoção de ações para o fortalecimento dos participantes da pesquisa na busca pelo exercício da cidadania; e da conscientização dos problemas socioambientais. Nesta perspectiva, a Educação Ambiental é um campo de conhecimentos que pode subsidiar políticas públicas que valorizem os direitos e auxiliem a promover qualidade de vida digna para estas populações.

ASSUNTO(S)

resiliência familiar educação ambiental famílias de catadores de resíduos sólidos urbanos educacao families of collectors of solid waste environmental education family resilience

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