Família no Programa Residência Agrária: a visão dos atores da Universidade Federal do Ceará / Family in the Agrarian Residency Program: a view from the actors of the Federal University of Ceará

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/08/2011

RESUMO

A pesquisa trata de uma análise sobre a efetividade do Programa Residência Agrária (PRA) da Universidade Federal do Ceará, implantado em 2004, por meio da análise de sua estruturação, metodologia de extensão e das concepções e vivências sobre família no contexto do programa. Partiu-se do seguinte questionamento: O Programa Residência Agrária tem conseguido desconstruir o movimento predominante da produtividade, do difusionismo tecnicista, formando e qualificando extensionistas capazes de compreender a diversidade local e integrar as famílias, por meio de um desenvolvimento participativo de baixo para cima? Para responder a esse questionamento, a pesquisa, de natureza qualitativa, fez uso de referências bibliográficas e documentais, além de entrevistas semi-estruturadas realizadas junto a professores, estudantes e egressos do programa, cujos dados foram trabalhados sob a perspectiva da Análise Descritiva. Os resultados mostraram que, para a implementação do Projeto Piloto na UFC, recorreu-se aos princípios da Pedagogia da Alternância que prima pelo contato do estudante com a realidade dos assentamentos, mediante dois tempos complementares: o Tempo Universidade e o Tempo Comunidade. Outra Metodologia adotada a partir de 2007, foi a Análise de Diagnóstico de Sistemas Agrários (ADSA), que permite conhecimento amplo sobre a realidade das famílias e do assentamento. Para fazer um diagnóstico efetivo, os estudantes trabalham com metodologias participativas que consideram os assentados como sujeitos de mudança daquela realidade. Percebe-se que o PRA vem, de modo geral, propiciando ganhos as partes envolvidas, levando o jovem a repassar o conhecimento para seu assentamento, atuando como agente multiplicador aumentando sua autoestima e motivando-o a continuar os estudos. Acerca da relevância da categoria família no Programa Residência Agrária, as entrevistas demonstram que, antes de ir para o Estágio de Vivência nos assentamentos, os estudantes recebem diversas instruções para que observem a dinâmica das famílias, a fim de conhecer suas práticas, vivências e valores, para depois fazer o diagnóstico que favorecerá a atuação profissional. A inserção no campo é marcada por diversas dificuldades, como o medo do desconhecido, principalmente em função da visão negativa que a mídia apresenta sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Aos poucos as dificuldades são superadas e o Estagio de Vivência proporciona uma experiência rica de aprendizagem e troca de saberes entre estagiários e egressos. Acerca do estudo da categoria família no Programa Residência Agrária, apesar da família ser o ponto de partida para o trabalho do PRA, a mesma não é um eixo estruturador do Programa. O aprendizado sobre as famílias se da nas vivências práticas. Entretanto, essa constatação não diminui a relevância do PRA na formação de profissionais para atuarem na Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) e Assessoria Técnica, Ambiental e Social (ATES). Nesse sentido, conclui-se que a academia, mediante Programas como o Residência Agrária, não somente instrumentaliza e empodera os assentados, como também forma profissionais mais preparados para uma atuação mais próxima à realidade dos assentados. Além disso, a vivência dos estudantes nos assentamentos contribui para a desmontagem de mitos e estereótipos construídos sobre grupos minoritários, como o caso das famílias dos assentamentos.

ASSUNTO(S)

residência agrária família extensão rural economia domestica family rural extension agrarian residency

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