Família em vulnerabilidade social: uma produção de demanda / Family in social vulnerability: a production demand

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A naturalização da função da família contribuiu para pô-la no centro dos discursos não só dos especialistas, mas de toda a sociedade. Na medida em que muitas famílias não se adéquam ao modelo de família ideal e privada, estigmas e estereótipos legitimados por atributos de valores morais as desqualificam. Essa desqualificação é um dos mecanismos utilizados a fim de justificar a intervenção dos profissionais da assistência social na relação interna da mesma. É o que ocorre com a família considerada em vulnerabilidade social cujas práticas sociais conferem um caráter de incompetência e culpa pelo não cuidado para com seus membros, desqualificando seus saberes, justificando, assim, a necessidade de controle e ingerência. Compreender que a família em vulnerabilidade social é uma produção de subjetividade, uma demanda produzida no contexto neoliberal pautada nas políticas de mercado que fundamentam as políticas de inclusão se faz necessário. Sendo esta uma produção é preciso ter claro que as famílias ao mesmo tempo em que são produzidas, produzem demandas. Ou seja, a família em vulnerabilidade social, em risco, de que trata a Política Nacional de Assistência Social, é uma forma de subjetivação, uma demanda que produz tutela presente nas políticas que são desenhadas para ela e nela, nas relações que a constituem como sujeito. Ter como método a pesquisa-intervenção foi o que possibilitou problematizar, repensar e analisar, a produção dessas demandas que fundamentam a política pública da assistência social e que emergem dizendo-se em prol das famílias pobres, ou melhor, como se convencionou chamar, em vulnerabilidade social. Assim sendo, busquei, por meio da pesquisa, compreender o como e os efeitos das relações entre a assistência social e as famílias assistidas pobres e definidas como em vulnerabilidade social. Que família é essa? Como se deu sua construção/produção? A partir de que mecanismos a família pobre e vulnerável passou a ser objeto de controle e interferência? Que controle é esse que opera pela virtualidade dos corpos? Para trabalhar com essas questões surgidas no decorrer desta pesquisa baseei-me nas práticas do meu campo de atuação e em autores como Ariès, Foucault, Donzelot, Lourau, Guatarri entre outros que contribuíram para pensar a família chamada em vulnerabilidade não como um modelo a ser combatido por meio das políticas públicas, mas sim como uma produção de demanda, como uma produção de subjetividade.

ASSUNTO(S)

família vulnerabilidade social risco governamentalidade políticas de inclusão psicologia social políticas públicas - brasil família aspectos sociais política social inclusão social family social vulnerability risk governmentality inclusion policies

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