Família do doente com câncer: percepção de apoio social

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

24/01/2012

RESUMO

O câncer é uma doença crônico-degenerativa, considerada um problema de saúde pública. Dentre suas consequências induz a família a um longo convívio com seu membro doente e a desestruturação familiar, decorrente do processo terapêutico, gerando a demanda por uma rede social que ofereça o suporte necessário para o enfrentamento dessa complexa trajetória. Este é um estudo quantitativo exploratóriodescritivo de corte transversal, que buscou caracterizar o apoio social das famílias de doentes com câncer, assistidos num serviço especializado, de um município do interior paulista. Todos os cuidados que regem a pesquisa com seres humanos foram respeitados. Foram entrevistadas todas as famílias que atenderam aos critérios de inclusão, compreendendo 69 famílias e totalizando 161 pessoas. Utilizou-se para a coleta de dados os instrumentos: Caracterização da família do doente com câncer, Escala de Apoio Social do Medical Outcomes Study (MOS-SSS) e Diagrama de Escolta. As entrevistas foram feitas no domicílio, com no mínimo díades familiares, após o consentimento e respeitando data/hora estipuladas pela família. Os dados foram codificados e lançados em uma planilha no Microsoft Excel e Biostat 5.0, sendo analisados através da estatística descritiva e correlacional. O perfil dos doentes aponta: 65% do gênero feminino, com idade entre 28-89 anos. O tipo de câncer mais prevalente foi o de mama (36%), dos quais 48% encontravam-se em estágio avançado. O segundo câncer mais incidente foi o de próstata (10%), dos quais 72% possuíam idade superior aos 65 anos. A aplicação do Diagrama da Escolta evidenciou 506 integrantes nas redes sociais dos doentes com idade entre 1-89 anos. A maioria era familiar do doente, do gênero feminino, conheciam o doente há 33 anos em média e 78,7% residiam a menos de 30 minutos da casa do doente. O perfil das famílias evidenciou 28% compostas por apenas duas pessoas, pertencentes à classe social D (70%). Com a aplicação da MOSSSS foi identificado que o apoio afetivo foi o mais referido (88), seguido do emocional (81), material (80), de informação (78) e interação social positiva (76). Houve correlação média positiva (p=0.002 e r=0.4) entre apoio social geral e número de pessoas na rede e associações significativas com p<0,0001 entre as dimensões do apoio e com p=0.0003 entre as variáveis número de mulheres na rede e apoio social, indicando que o apoio social tende a ser maior quanto maior for a rede e, principalmente, se as pessoas forem do gênero feminino. As possibilidades da família obter apoio são diversificadas e os profissionais de saúde possuem um relevante papel na ampliação da viabilidade dos contatos entre o microssistema (famílias) e suprassistemas (vizinhança, comunidade, organizações e entidades religiosas), desde que estejam abertos para a família percebendo-a como uma unidade de cuidado e reconhecendo a rede social como fonte fundamental na manutenção do bem estar e melhora da satisfação com a vida e de apoio eficaz. Portanto, identificar e valorizar a rede social no contexto em que a família está inserida e conhecer as reais necessidades e potencialidades da unidade familiar auxilia o profissional de saúde no planejamento de cuidados centrados na família, possibilitando que essa possa enfrentar as dificuldades inerentes à situação de cronicidade, propiciando uma assistência humanizada. Ressaltase a relevância do implemento de políticas públicas que favoreçam o acesso dessa população às redes de apoio social.

ASSUNTO(S)

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