Fabiano: uma personagem dialógica / Fabiano: uma personagem dialógica

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta dissertação interpreta o romance Vidas Secas sob a perspectiva do dialogismo, em decorrência da consciência esboçada por personagens tão rudimentares e do interesse de Graciliano Ramos em revelar a percepção dessas personagens não apenas sobre si mesmas, mas também sobre a realidade circundante. Por isso, os estudos de Mikhail Bakhtin constituem fundamentação teórica de base desta pesquisa, pois Vidas Secas apresenta os mesmos princípios do romance polifônico: realidade em formação, inconclusibilidade, dialogismo e polifonia. Nosso objeto de estudo - a personagem Fabiano - trava um conflito interior, questionando-se sobre sua identidade e sua atuação no mundo. Um aspecto da personagem dialógica, porque, para Bakhtin, onde começa a consciência inicia-se o diálogo. Além disso, Fabiano não é um intérprete do autor, tem independência e liberdade para expor suas opiniões e para tomar decisões. Vidas Secas é constituído basicamente por monólogo interior e a personagem dialógica é construída por um processo de comunicação interativa. Como ocorrerá a construção da autoconsciência de Fabiano? Entendemos que o narrador se pauta pelo discurso indireto livre para encenar os pensamentos da personagem de forma autêntica, já que por meio dessa palavra bivocal foi possível dar voz a quem não tinha, porém, marcando a diferença tonal entre o ponto de vista do narrador, detentor da palavra, e o da personagem, que não a possui. Durante todo o romance, nos defrontamos com esse discurso ambivalente e dialogal no qual ouvimos o ressoar de duas vozes - a de Fabiano e a do narrador que tecem relações dialógicas entre si ora por consonância, ora por dissonância, fazendo de Vidas Secas um verdadeiro espetáculo plurilíngüe

ASSUNTO(S)

personagem romance polifônico vidas secas analise do discurso literario dialogismo (analise literaria) literatura comparada free indirect discourse character discurso indireto livre dialogism ramos, graciliano -- 1892-1953 -- vidas secas -- critica e interpretacao

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