Extração e caracterização da manoproteína de parede celular de Saccharomyces uvarum : efeito na modulação da resposta imune

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/05/2010

RESUMO

Leveduras descartadas como subproduto em processos industriais estão ganhando maior atenção como suplemento nutricional para dietas de consumo humano e animal devido ao seu alto conteúdo de proteína e vitaminas. Podem também ser usadas como matéria prima para a extração de componentes celulares, como a β-Glucana e manoproteína (MP). Esta última, presente na camada mais externa da parede celular, tem papel fundamental na ativação do sistema imune do hospedeiro, além de agir como um efetivo bioemulsificante. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar a molécula de MP extraída da parede celular da levedura Saccharomyces uvarum, descartada após o processo de produção de cerveja e verificar sua ação como bioemulsificante, cicatrizante e modulador da resposta imune utilizando camundongos. Para isso a levedura passou por um processo de autólise, separação da parede celular para a extração da MP com água à 95 ºC durante 9 horas, seguido de precipitação com etanol absoluto. Após esse processo, a molécula foi caracterizada quanto à composição centesimal, tipo de açúcares presentes, peso molecular e composição de aminoácidos da fração protéica. Foram determinadas a atividade emulsificante e a estabilidade física e química da emulsão com a mudança no pH e adição de diferentes concentrações de NaCl. Avaliou-se a atividade cicatrizante da MP observando-se a redução do tamanho das feridas dos testículos em suínos submetidos à castração. Também foi avaliada a produção de anticorpos em camundongos imunizados pela injeção intraperitoneal da molécula em diferentes tratamentos (controle positivo; 1000 μg de MP; 100 μg de MP; 100 μg de MP aplicada 6 horas antes do desafio; e 100 μg de MP aplicada 24 horas antes do desafio), os quais foram desafiados com hemácia de carneiro, e a quantificação de óxido nítrico (NO) in vitro produzido por macrófagos peritoneais e in vivo por meio de macrófagos e plasma obtidos de camundongos tratados com MP, dos quais também foram retiradas amostras de sangue para realização de análises hematológicas. A MP apresentou elevados valores de atividade emulsificante, além de ser estável em diferentes pHs e concentrações de NaCl. Também agiu como um efetivo cicatrizante, reduzindo o tamanho das feridas dos animais, embora sem diferir do controle. A produção de anticorpos foi maior em animais tratados com 100 μg de MP durante ou 24 horas antes do desafio, os quais apresentaram elevados níveis de IgTotais após o primeiro desafio e uma maior produção de anticorpos da classe IgG para todos os tratamentos após o segundo desafio com hemácia de carneiro. Na resposta imune inata, a MP foi capaz de estimular a produção de NO in vitro, diferindo do controle apenas quando adicionada na concentração de 100 μg/mL, embora tenha inibido essa produção quando adicionada juntamente com LPS. Já no experimento in vivo, o tratamento com MP elevou o teor de NO apenas quando adicionada juntamente com LPS no ensaio com macrófagos peritoneais, além de reduzir a contagem de plaquetas e hemácias e aumentar no número de reticulócitos e neutrófilos segmentados do sangue.

ASSUNTO(S)

microbiologia industrial saccharomyces biotecnologia microbiana levedos yeasts industrial microbiology saccharomyces

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