Exposição ocupacional a agrotóxicos, riscos e práticas de segurança na agricultura familiar em município do estado do Espírito Santo, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. saúde ocup.

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/11/2019

RESUMO

Resumo Objetivo: caracterizar a exposição ocupacional, percepção do risco, práticas de segurança e fatores associados ao uso de equipamento de proteção individual (EPI) durante a manipulação de agrotóxicos. Métodos: estudo transversal com amostra representativa de agricultores de Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo. Procedeu-se à caracterização sociodemográfica e ocupacional dos agricultores com exposição direta a agrotóxicos e a identificação dos ingredientes ativos e classificação toxicológica dos produtos utilizados. Resultados: foram referidas 106 marcas comerciais, 45 grupos químicos e 77 ingredientes ativos. Houve predomínio do herbicida glifosato. Dos 550 agricultores avaliados 89% referiram uso de agrotóxicos extremamente tóxicos, 56,3% utilizavam mais de cinco agrotóxicos e 51% trabalhavam há mais de 20 anos em contato direto com estes produtos. Metade não lia rótulo dos agrotóxicos, mais de um terço não observava o tempo de carência para colheita e reaplicação e nem o de reentrada na lavoura; 71,4% não utilizavam EPI ou utilizavam de forma incompleta. Entre os fatores associados à não utilização do EPI, destaca-se a classe socioeconômica (p = 0,002), baixa escolaridade (p = 0,05), falta de suporte técnico (p < 0,001) e não leitura dos rótulos (p < 0,001). Conclusão: os agricultores apresentaram exposição ocupacional prolongada a múltiplos agrotóxicos de elevada toxidade, referindo práticas inseguras de manuseio.Abstract Objective: to characterize occupational exposure, risk perception, safety practices and factors associated with the use of personal protective equipment (PPE) during pesticide handling. Methods: cross-sectional study with a representative sample of farmers from Santa Maria de Jetibá, Espírito Santo, Brazil. We collected sociodemographic and occupational data of farmers directly exposed to pesticides and identified the active ingredients and toxicological classification of the pesticides used. Results: 106 trademarks, 45 chemical groups and 77 active ingredients were identified. There was a predominance of the herbicide glyphosate. Of the 550 farmers evaluated, 89% reported using extremely toxic pesticides, 56.3% used more than five different agrochemicals, and 51% worked for over 20 years in direct contact with these products. Half of them did not read the label, more than a third did not observe the pre-harvest, reapplication, or reentry intervals; 71.4% used incomplete PPE or none. Factors associated with non-use of PPE include socioeconomic class (p = 0.002), low educational level (p = 0.05), lack of technical support (p < 0.001) and non-reading of labels (p < 0.001). Conclusion: farmers have prolonged occupational exposure to multiple high toxicity pesticides, referring to unsafe handling practices.

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