Experiências dos cuidadores de pessoas com adoecimento psíquico em face à reforma psiquiátrica: produção do cuidado, autonomia, empoderamento e resolubilidade

AUTOR(ES)
FONTE

Saude soc.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2015-03

RESUMO

Este estudo objetiva compreender o lugar da família nos processos de cuidado e desinstitucionalização, e a maneira como os arranjos familiares têm experienciado a proposta reformista e antimanicomial de oferta dos serviços substitutivos como política pública. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa e de cunho crítico hermenêutico, realizado em dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), cada um em um município distinto do estado do Ceará, nordeste brasileiro. O trabalho contou com 29 colaboradores, sendo 13 usuários e 16 cuidadores, que participavam dos grupos voltados aos familiares e usuários dos CAPS. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará e respeitou os princípios éticos dispostos na Resolução Conselho Nacional de Saúde 196/96. Para a coleta dos dados, foram utilizados os métodos de entrevista semiestruturada e grupo focal temático. Os resultados apontam que os cuidadores relacionam sua prática às ações de zelo, envolvimento, preocupação e responsabilização. A participação e o empoderamento dos cuidadores na interlocução com os usuários versam sobre a busca por autonomia, por projetos emancipatórios, por uma efetiva melhoria relacional e visão crítica do usuário quanto à organização dos serviços de saúde e da realidade social. A resolubilidade da atenção é apresentada como pouco eficiente e discriminatória, comprometendo a gestão do cuidado e, até mesmo, a aposta dos cuidadores nos pressupostos da Reforma Psiquiátrica. Concluiu-se que uma proposta ampliada e resolutiva requer novas possibilidades políticas e organizacionais, ancoradas em práticas assistenciais que priorizem o fortalecimento da autonomia e o empoderamento dos sujeitos.

ASSUNTO(S)

família cuidado serviços comunitários de saúde mental

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