Expansão urbana e formação dos territórios de pobreza em Ribeirão Preto : os bairros surgidos a partir do núcleo colonial Antônio Prado (1887)
AUTOR(ES)
Adriana Capretz Borges da Silva
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
Este trabalho consiste do estudo dos bairros originados a partir do Núcleo Colonial Antônio Prado, criado em Ribeirão Preto, no ano de 1887. Atendendo aos interesses do complexo cafeeiro, o núcleo colonial ocupou as terras devolutas ainda existentes na cidade e teve como objetivo abastecer a população com gêneros de subsistência, atrair e fixar braços para a lavoura por meio da aquisição do lote, mas também de modificar o perfil do morador urbano. Entre as exigências para se adquirir um lote, era necessário que o candidato fosse estrangeiro, que possuísse profissão urbana e condições para construção de moradia ou estabelecimento comercial, bem como era obrigatório que mantivesse o cultivo efetivo e arcasse com a manutenção e construção de benfeitorias em seu lote, sob pena de perda do mesmo em caso de descumprimento das normas. Os duzentos lotes que compunham sua área foram imediatamente ocupados e em 1892, após o pagamento das dívidas pela maior parte dos primeiros proprietários, passaram a ser subdivididos e entraram no mercado de terras local. Naquela época, Ribeirão Preto começava a assistir ao desenvolvimento gerado pela monocultura cafeeira, que motivou a construção da infra-estrutura urbana, a chegada da ferrovia e a instalação de uma rede de serviços relacionados ao complexo cafeeiro. O urbanismo sanitarista vigente, pautado pelos Códigos de Posturas, afastava da população os focos de contaminação como hospitais, cemitérios, fábricas e matadouros, mas também protegia a cidade de pessoas indesejáveis à manutenção da nova elite republicana: pobres, ex-escravos, imigrantes, infratores e doentes. Assim, a área do Núcleo Colonial Antônio Prado correspondeu ao depositário de tudo o que deveria ser invisibilizado, entre seres humanos e construções. Diante da segregação imposta pelas elites, para quem os imigrantes eram desejáveis para o trabalho, mas não para o convívio social, o estudo mostrou algumas das estratégias de sobrevivência dos moradores e as formas pelas quais moldaram uma imagem de si próprios e para a cidade, tendo o espaço como definidor das ações. Para isso, foi mostrada desde sua produção hortifrutigranjeira, passando pelo desenvolvimento dos ofícios, da indústria, do comércio e prestação de serviços, até as atividades religiosas e associativas, meios pelos quais os imigrantes puderam estabelecer com mais intensidade laços de união entre si. Passados 120 anos, e como efeito daquela segregação, a maior parte dos bairros resultantes do antigo Núcleo Colonial não se verticaliza nem seus lotes adquirem melhores preços, embora localizados geograficamente próximos ao centro.
ASSUNTO(S)
cidades ciencias sociais aplicadas planejamento urbano - história ribeirão preto (sp) - história exclusão social planejamento urbano segregação espacial
ACESSO AO ARTIGO
http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1945Documentos Relacionados
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