Existem atividades que a gestante deve privar-se durante a gestação?

AUTOR(ES)
FONTE

Núcleo de Telessaúde Espírito Santo

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/06/2023

RESUMO

Caso a gestação esteja transcorrendo normalmente, sem nenhuma intercorrência, não há necessidade de privar a gestante de nenhuma atividade que faz regularmente.

Entretanto o profissional de saúde deve orientar a gestante em relação aos riscos relacionados ao: esforço físico excessivo, atividade sexual, viagens, carga horária extensa de trabalho, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, estresse, hábitos alimentares inadequados. Esses fatores podem colocar a gestação em risco.

A gravidez é o momento ideal para modificações positivas no estilo de vida, incluindo atividade física e adoção de uma dieta mais saudável. A prescrição da intensidade do exercício na gravidez é individualmente adaptada ao nível de habilidade física do indivíduo, idealmente envolve atividades facilmente quantificadas (por exemplo, caminhada, natação, ciclismo estacionário) e é aumentada gradualmente. Uma abordagem razoável para as mulheres previamente sedentárias é inicialmente engajar-se em exercício de baixa a moderada intensidade (caminhadas casual e exercícios de baixa intensidade), aumentando gradualmente a intensidade, sendo mais indicado começar as atividades após os três primeiros meses de gestação, período em que o embrião está se formando e que, por isso, exige maior cuidado. Recomenda-se a prática de exercícios moderados por 30 minutos, diariamente, devendo ser evitados exercícios que coloquem as gestantes em risco de quedas ou trauma abdominal (como esportes de contato ou de alto impacto). (grau de recomendação A).

Manter relações sexuais durante a gravidez não parece estar associado a efeitos adversos. A atividade sexual durante o terceiro trimestre não está associada com o aumento da mortalidade perinatal, comparando-se a mulheres sem atividade sexual com aquelas com mais de quatro relações por mês (grau de recomendação B). A restrição à atividade sexual deve ser feita apenas a critério médico, por causa de patologia como placenta prévia ou alto risco de prematuridade.

Viagens aéreas geralmente são seguras para a grávida até quatro semanas antes da data provável do parto (grau de recomendação D), porém viagens longas de avião estão associadas ao aumento de risco de trombose venosa; entretanto, não está claro se há risco adicional na gravidez ou não. Na população geral, o uso de meia de compressão é efetivo e reduz o risco.

Nas viagens de carro, as gestantes devem utilizar corretamente os cintos de segurança, que devem ser de três pontos, usados acima e abaixo do abdome, e não sobre ele.

As condições de trabalho padrão apresentam pouco risco para a saúde materna ou infantil, uma mulher com uma gravidez sem complicações que trabalha onde não existem maiores riscos potenciais do que aqueles encontrados na rotina cotidiana pode continuar a trabalhar sem interrupção até o início do trabalho de parto. No entanto, as exigências físicas do trabalho da mulher são avaliadas caso a caso, especialmente em mulheres com alguma alteração obstétrico instáveis ou associadas a perfusão placentária comprometida (ex. Pré-eclâmpsia, restrição de crescimento fetal). Além disso, pacientes com história prévia de dois ou mais abortamentos não devem permanecer muitas horas em pé ou caminhando, seja no trabalho ou em atividades domésticas. Aquelas que trabalham mais de sete horas em pé apresentam probabilidade maior de abortamento espontâneo. Para gestantes sem história prévia de abortamento, não foi encontrado risco associado à atividade física durante a jornada de trabalho (grau de recomendação B).

Durante todo o período gestacional, a mulher deve evitar o consumo de álcool, drogas, cafeína e tabaco, substâncias que podem causar má formação fetal. Picos de estresse podem ocasionar o parto prematuro e agravar casos de hipertensão e diabetes. Exames extras serão pedidos de acordo com o histórico familiar e a idade da futura mãe.

Para garantir uma gestação tranquila e a segurança do bebê, é fundamental que a futura mãe tome cuidados especiais. Fazer o acompanhamento pré-natal e adotar um estilo de vida saudável, evitando o consumo de bebidas alcoólicas e cigarros, são algumas dessas práticas.

Outra forma de suprir as necessidades diárias do organismo durante a formação do bebê é manter uma alimentação balanceada. Para isso, deve-se incluir o consumo de proteínas (carnes magras, aves, peixes), ferro (leguminosas como feijão, grão-de-bico e soja), vitaminas do complexo B (tomate, ervilha e brócolis), cálcio (leite, iogurte e queijos) e grãos e cereais (pães, arroz, aveia e massas). O consumo de fibras, presentes nas frutas e nos cereais integrais, também é essencial, pois auxilia no funcionamento do intestino, que fica mais lento nessa fase. Já os alimentos com excesso de açúcar, sal, gorduras e aditivos químicos devem ser evitados.

Como o tempo de digestão é maior na gestação, o ideal é se alimentar com moderação e a cada três horas, em seis refeições ao dia: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. Isso pode amenizar sensações como azia e gases e controlar melhor o ganho de peso, que deve ficar entre 9 e 12 quilos até o fim da gravidez. Outra dica é comer carnes e legumes sempre bem cozidos e lavar bem as verduras, para não haver contaminação por toxoplasmose.

A gravidez está associada a uma grande variedade de alterações físicas, funcionais e emocionais, uma educação de rotina das pacientes e a promoção da saúde do início ao fim da gestação, têm um papel essencial na manutenção da saúde e na prevenção de agravos durante todas as fases da gravidez.

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ASSUNTO(S)

cuidados primários de saúde promoção da saúde saúde da mulher técnico de enfermagem w01 questão sobre gravidez cuidado pré-natal

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