Evolução sedimentar holocênica do delta do rio Tubarão, Estado de Santa Catarina / Holocene sedimentary evolution of the Tubarão river delta, Santa Catarina State (Brazil)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

11/02/2011

RESUMO

O delta do rio Tubarão, situado na costa centro-sul catarinense entre os municípios de Tubarão, Jaguaruna e Laguna, constitui raro exemplo de delta lagunar ativo no Brasil. Sua planície deltaica cobre área aproximada de 250km2, onde são encontradas evidências de migração de canais fluviais dadas por séries de truncamentos de antigos distributários, alguns ainda ativos. Dez testemunhos foram obtidos junto aos principais canais distributários do rio Tubarão, a partir dos quais foram realizadas análises de fácies, granulométrica, de minerais pesados, de teor de matéria orgânica e de relações químio-isotópicas, além de datações 14C. Também foram levantados acervos históricos de fotografias aéreas e de dados de prospecção mineral de subsuperfície. Cerca de 5000 anos atrás, na região de seu ápice, próximo ao rio tributário Capivari de Baixo, o delta do rio Tubarão ingressou numa antiga baía lagunar e ramificou-se em sete distributários principais que, desde seus momentos iniciais de migração, foram controlados por avulsões autogênicas rumo a antigas depressões do fundo da bacia receptora. Tais avulsões progradaram o delta inicialmente para SW, depois para ENE, e então para NNE, favorecendo a fragmentação da antiga baía lagunar em uma série de lagos e lagunas menores. Diante deste cenário dinâmico, sambaquis foram erigidos no entorno do sistema lagunar, constituindo importantes registros arqueológicos de interação entre evolução sedimentar e ocupação humana pré-histórica. O resultado das análises granulométricas indicou que a sedimentação deltaica, nas proximidades de encostas de morros, foi misturada com colúvio e/ou depósitos de fluxos gravitacionais, como evidenciado pela presença de intervalos texturalmente muito imaturos em alguns testemunhos. Em relação à análise de minerais pesados, o principal fator de controle nas variações da assembleia em depósitos de delta e de bacia é a proveniência sedimentar. Em termos mediatos, essa proveniência reflete fontes plutônicas e metamórficas (médio a alto grau) do Batólito de Florianópolis (e xenólitos associados) e do Complexo Granito-Gnáissico, e rochas arenáceas alteradas da Bacia do Paraná. Em termos imediatos, depósitos deltaicos destacam-se pela afinidade mineralógica com as areias do rio Tubarão, inferida sobretudo a partir da presença mútua de grãos alterados de cianita e estaurolita, enquanto que depósitos da bacia lagunar destacam-se por sua similaridade mineralógica com areias dos rios tributários Braço do Norte e Capivari de Baixo, neste caso principalmente pela presença de zircão. A matéria orgânica presente nos depósitos do delta e de sua bacia receptora resulta do aporte de fontes terrestres (fornecido pelos rios) e marinhas (trazido via desembocaduras lagunares), fato que é evidenciado pelos resultados de \ delta\ \ POT.13 C\ , \ delta\ \ POT.15 N\ e razão \ C IND.ORG\ /\ N IND.TOTAL\ . Particularmente, nos sedimentos da bacia, variações entre diferentes tipos de matéria orgânica têm ocorrido ao longo do Holoceno, as quais são atribuídas tanto ao isolamento físico progressivo do sistema lagunar em relação ao mar aberto como por mudança climática regional (aumento destacado de precipitação). A análise isotópica de oxigênio (\ delta\ \ POT 18 O\ ) de conchas de moluscos em depósitos da bacia indicou enriquecimento relativo em \ ANTPOT.16 O\ durante o Holoceno. Este resultado, a exemplo daquele dos isótopos de carbono e de nitrogênio dos sedimentos, sugere isolamento gradual das águas lagunares em relação às de mar aberto.

ASSUNTO(S)

delta delta; holocene; sedimentology; stable isotopes holoceno isótopos estáveis sedimentologia

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