Evolução estrutural e petrogenetica do Domo granodioritico de Ambrosio, Bahia : implicações para o mecanismo de colocação

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/11/2000

RESUMO

O Domo de Ambrósio corresponde a um corpo elíptico com 40 Km de comprimento na direção N-S e largura variável que pode atingir até 8 Km. Este pluton encontra-se encaixado na seqüência vulcano-sedimentar paleoprotorezóica do Greenstone Belt do Rio ltapicuru. Trabalhos de mapeamento litoestrutural no domo permitiu a identificação de três suites ígneas. i) ortognaisses com composição granodiorítica a tonalítica; ii) granodioritos equigranulares médio a rmo e porfiríticos e monzogranito e iii) diques graníticos, pegmatíticos e aplíticos e veios de quartzo. Além destes litotipos o domo é caracterizado pela presença de afloramentos contínuos de gnaisse migmatítico e de granitóides indiferenciados que são representados por granitos, granodioritos e migmatitos. Esses litotipos mostram relações de campo complexas que podem ser demonstradas por contatos gradacionais a bruscos. Além disso foram identificados dois eventos de deformação resultantes de um esforço compressivo NW-SE. O primeiro evento (En) caracterizado como de empurrão, gerou lineações do tipo down-dip, principalmente identificadas na margem ocidental do pluton e em suas rochas encaixantes. O segundo evento (En + 1), caracterizado por uma tectônica transcorrente sinistral mascara quase inteiramente o evento anterior. Neste evento foram identificadas três fases de deformação progressivas: i) a primeira foi responsável pela nucleação de elementos planares gerados em estado sólido e magmático que possuem orientação Norte-Sul e mergulhos fortes a moderados, além de lineações suborizontais; ii) a segunda foi responsável pela colocação de diques graníticos e pegmatíticos e iii) a última nucleou dobras com superficies axiais verticais e eixos suborizontais paralelos à direção da lineação mineral e ou de estiramento.O caráter sin-tectônico do pluton ao evento de deformação En + I é marcado por: i) desenvolvimento de tramas miloníticas (Sm + I) nas bordas concordantes com o acamamento magmático na porção central (Smg + I); ii) paralelismo entre as lineações de estiramento de quartzo, com as lineações minerais ígneas nas porções centrais; iii) concordância entre estruturas do tipo se nas bordas do domo defmidas por ribbons de quartzo e palhetas de biotita paralelas às defmidas por biotitas primárias em regiões centrais; iv) tramas oblíquas em acamamento schlieren concordantes com as tramas em estados sólido em diques pegmatíticos; v) idade de cristalização do pluton (2080 Ma U/Pb em zirção e xenotimio) concordante com a idade de metamorfismo regional (2080 Ar-Ar em hornblenda) vi) desenvolvimento de microtexturas em estado magmático que gradam para submagmático e para deformação em estado sólido em alta temperatura; a microtextura em estado magmático é caracterizada pelo acamamento de minerais primários, com forma euédrica e que exibem pouca evidência de deformação plástica vii) segregação magmática representada por leucossomas (ou acamamento sch/ieren) paralelo à trama planar em estado sólido de alta temperatura; viii) reftação da foliação em estado sólido de gnaisse hospedeiro em relação à do dique (estado magmático) e ix) apófises de diques que apresentam trama magmática concordante com a de estado sólido no gnaisse hospedeiro.Ressalta-se que estudos microtexturais no domo associados com os de petrotrama em eixo-c em quartzo permitiram estabelecer um limite de temperatura para nucleação das estruturas entre 650 e 750°C. Geocronologia UlPb (em zircões e xenotimio) pennitiram definir uma idade mínima de cristalização de 2080Ma para o domo. Além disto a presença de zircões herdados indicam a participação do embasamento na gênese do pluton. Por outro lado, os dados isotópicos de Nd mostram idades modelos entre 3059 e 2586Ma e valores de I>Nd(20BO) negativos entre -10,67 e -4,35 indicando contribuição da crosta mais antiga na gênese das rochas igneas do domo. A presença de gnaisses migmatiticos no domo com idades TDM de 3059 Ma corroboram esta suposição. O envolvimento de fontes juvenis e crustais na geração do Domo de Ambrósio pode ser deduzido de diagramas de classificação geotectônica baseado na distribuição de elementos traços. Nestes, as amostras do domo distribuem-se no campo de granitóides sin-colisionais (Syn-COLG) e de arcos (V AG) herdando a assinatura geoquímica de seus protólitos. Os dados geoquimicos pennitem também classificar o domo como granitóide do tipo I, cálcio-alcalino com tendência peraluminosas a metaluminosas. Outras caracteristicas do pluton são: i) a falta de xenólitos das rochas supracrustais encaixantes, ii) ausência de lineação de alto ângulo associada com ascensão diapirica e iii) presença de diques, leucossomas em migmatitos e acamamento sch/ieren que mostram que parte da fusão pode ter migrado em direção paralela ao acamamento. Estas característica reforçam que a propagação do magma na forma de diques pode ter sido um mecanismo eficiente no transporte de material. Além disso, considerando: i) que as lineações do tipo down-dip, associadas com o evento En, encontram-se impressas em fácies mais antiga do pluton; ii) que existe um paralelismo entre os elementos planares e lineares no domo e rochas encaixantes, gerados no evento En+ 1; iii) o desenvolvimento de zonas de cisalhamento nas bordas oeste e leste do domo e iv) a propagação lateral do magma, representada por leucossomas estromatiticos e acamamento sch/ieren; foi proposto um modelo de colocação para o Domo de Ambrósio envolvendo um escape tectônico lateral de direção norte sul, gerado durante a mudança da tectônica do tipo oblíqua para transcorrente. Ressalta-se que a tectônica obliqua poderia ter promovido o espessamento crustal e o inicio de refusão por parte do embasamento envolvido e que a transcorrência geraria o espaço e controlaria a movimentação para a instalação do pluton

ASSUNTO(S)

geologia estrutural petrogenese granito

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