Evolução espaço temporal dos óbitos por causas violentas e seu impacto em Minas Gerais. / Space-time evolution of deaths from violent causes and their impact in Minas Gerais.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Cada vez mais, óbitos por causas violentas impõem-se como um desafio para a atenção em saúde. Não basta para o seu enfrentamento ações que se pautem apenas no cuidado às sequelas físicas. É preciso intervenções que busquem identificar fatores de risco e grupos de vulnerabilidade. Nesse sentido, presente estudo tem por objetivo descrever a evolução espaço-temporal dos óbitos por causas violentas e seu impacto na população de Minas Gerais, 1996 a 2007. Trata-se de estudo ecológico, por série temporal, por meio da análise de indicadores em saúde e do geoprocessamento. Foram utilizados dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), referentes às causas externas, segundo: acidentes de transporte, agressão, lesões autoprovocadas voluntariamente. Para análise dos dados utilizaram-se softwares Excel, Tabwin e Terraview. Foram calculados coeficientes de mortalidade por 100.000 habitantes e indicador Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP), conforme variáveis demográficas: sexo, faixa etária e cor da pele. Para geoprocessamento foram calculados distribuição da intensidade dos óbitos pelo território por ano, conforme função Box Map; formação de clusters para localidades mais vulneráveis à violência pela função Moran Global (I), p<0,05; além da sobreposição cartográfica entre mapas temáticos dos óbitos violentos e macrodeterminantes sociais de distribuição da pobreza (GINI) e de desenvolvimento humano (IDH). Para a correlação estatística entre coeficiente de mortalidade e macrodeterminantes sociais foi utilizado o coeficiente de Pearson (ρ). Os resultados apontaram 123.986 óbitos. Os adultos do sexo masculino foram as maiores vítimas, sendo que a média anual para coeficiente de mortalidade por 105 habitantes foi de 17,61 para acidentes de transporte, 15,22 para agressão e 4,29 para suicídio. Quanto ao APVP, a maior perda de anos foi para agressão (48,89), seguida por acidentes de transporte (43,24) e suicídio (41,21). A função Box Map apresentou não estacionariedade, com alastramento do agravo ao passar dos anos. Ocorreu formação de clusters similares entre as causas violentas localizados no Alto Paranaíba/Triângulo Mineiro, Central de Minas e Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os valores de Moran Global (l) para acidentes de transporte foram de 0,344722 p=0,01; agressão 0,500337 p=0,01 e suicídio 0,288463 p=0,01. Quanto à sobreposição cartográfica, os índices de pobreza e desenvolvimento humano menos precários sobrepuseram a maioria dos clusters para óbitos por acidentes de transporte e suicídio, sendo moderados os valores de Pearson para essas correlações. Para agressão essa correlação foi fraca. Conhecer a magnitude do fenômeno da violência deve ser um pré-requisito para a formulação de programas de promoção e de prevenção a serem propostos pelo setor saúde, que consideram os princípios de equidade na distribuição de recursos, que enfatizem as ações intersetoriais, e que possam promover articulações entre o poder público e a mobilização social, em busca da defesa da vida.

ASSUNTO(S)

enfermagem de saude publica mortalidade causas externas violência distribuição espacial da população enfermagem em saúde pública mortality external causes violence residence characteristics public health nursing

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