Evaluation of phytotoxic fluoride effects on Spondias dulcis Forst. F. (Anacardiaceae), a sensitive tropical species / Avaliação dos efeitos fitotóxicos do flúor em Spondias dulcis Forst. F. (Anacardiaceae), espécie tropical sensível

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A degradação de diversas formações vegetais no entorno de alguns pólos industriais no Brasil encontra-se, significativamente, relacionada à presença de flúor na atmosfera. O uso de plantas tem se revelado uma metodologia adequada e de baixo custo para a detecção dos efeitos de poluentes atmosféricos, entretanto, a universalidade do uso de determinadas espécies bioindicadoras tem sido questionada. Objetivou-se caracterizar, de forma acurada, os sintomas morfoanatômicos causados pelo flúor em Spondias dulcis, espécie tropical sensível ao flúor, fornecendo subsídios para utilização da espécie, em campo, no prognóstico e diagnóstico de injúria pelo poluente; selecionar parâmetros visuais, microscópicos e fisiológicos a serem utilizados como biomarcadores em programas de biomonitoramento; avaliar o efeito das imissões de flúor de uma fábrica de alumínio sobre parâmetros macro e microscópicos em S. dulcis; avaliar se S. dulcis pode ser empregada como espécie bioindicadora e correlacionar as alterações visuais, microscópicas e fisiológicas causadas pelo flúor na lâmina foliar desta espécie. As plantas foram expostas aos efeitos fitotóxicos do flúor em experimentos de longa e curta duração, em laboratório, e no campo. Foram feitas coletas para estudos morfoanatômico, micromorfológico, estrutural (quantitativo e qualitativo), ultraestrutural e fisiológico, além da quantificação do teor de poluente, a partir de técnicas usuais. As necroses com coloração típica, tiveram início, principalmente, a partir da base dos folíolos e com maior intensidade na porção apical das plantas. O conteúdo de flúor aumentou nas plantas expostas em laboratório, havendo aparente correlação com o tempo de exposição. No campo, as plantas expostas nas adjacências da fonte emissora também apresentaram maior quantidade do poluente nas folhas. Os danos na superfície dos folíolos foram caracterizados como plasmólise, erosão das ceras epicuticulares, infestação por hifas fúngicas e ruptura da parede periclinal externa das células epidérmicas. Em laboratório, os danos surgiram em ambas as faces simultaneamente mas, no campo, os danos tiveram início a partir da face abaxial. Estruturalmente, observou-se acúmulo de compostos fenólicos no parênquima lacunoso e nas proximidades das terminações xilemáticas. O acúmulo de grãos de amido foi nítido na nervura mediana, contudo, a análise ultra-estrutural também demonstra este evento entre a margem e a nervura. As membranas celulares e os cloroplastos foram extremamente afetados pelo poluente. O acúmulo de material granuloso ocorreu dentro e nas proximidades das terminações xilemáticas. Houve redução na concentração de pigmentos fotossintéticos em folíolos sem sintoma. Na epiderme, os danos causados pelo flúor estavam principalmente associados aos estômatos, porém, a concentração interna de CO2 não variou, demonstrando que a redução na fotossíntese está associada a um componente metabólico. A interpretação conjunta dos danos fisiológicos e microscópicos permite concluir que a redução na fotossíntese dos FSS não ocorre devido a mecanismos de difusão de carbono e nem a danos na fase luminosa da fotossíntese, mas sim a alterações na estrutura dos cloroplastos e que o acúmulo de amido deve ser reflexo da inativação de células do floema, responsável pela translocação de fotoassimilados para as raízes. Os eventos microscópicos descritos antecederam o surgimento de sintomas em todos os experimentos, desta forma, possuem valor prognóstico. Estes resultados confirmam o potencial de S. dulcis como bioindicadora de reação e de parâmetros visuais, microscópicos e fisiológicos como biomarcadores.

ASSUNTO(S)

botanica spondias dulcis spondias dulcis leaf anatomy flúor fluoride anatomia foliar

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