Eu sempre estava fora do lugar: perspectivas, contradições e silenciamentos na vida de cotistas

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

07/05/2012

RESUMO

Desconstruir o mito da democracia racial ainda é, para negros e negras, um desafio diário. Por isso, na tentativa de compreender como somos interpelados/as pela raça, sexualidade e escrita, trago neste estudo - que é respaldado pela pesquisa-ação - a minha voz e a minha leitura da voz de um homen negro cotista, além de uma reflexão sobre a minha aproximação de dezesseis mulheres negras, também cotistas, das Faculdade de Letras da UFG. Por essa razão, tenho por objetivos compreender um pouco de interferência e presença da escrita na vida de um jovem negro e investigar o impacto das políticas afirmativas do ensino superior público na sua vida. Para a realização deste trabalho, foram utilizados como referenciais teóricos estudos sobre letramento (KLEIMAN, 1995; STROMQUIST, 2001; CARVALHO, 2004, 2005, 2007, 2009; ROJO, 2009), raça (GONZALEZ, 1984; GUIMARÃES, 2005; MUNANGA, 2003; GOMES, 2005), ações afirmativas (SILVÉRIO, 2003; BERNARDINHO, 2004,2007; VILLARDI, 2007), masculinidade (PINHO, 2003, 2004; WELZER-LANG, 2004; CARVALHO E FARIA FILHO, 2010; PEDROSA, 2003) e pesquisa-ação (THIOLLENT, 1988; TRIPP, 2005). A geração dos dados contou com entrevistas sobre a trajetória escolar e acadêmica do jovem cotista, com discussões de textos que envolviam a temática de raça, gênero e letramento, além da correspondência/troca de emails com algumas das dezesseis alunas cotistas que optaram por não participar desta pesquisa. Os resultados deste trabalho nos leva a concluir que tanto a pesquisadora de mestrado, quanto o cotista avançaram em alguns pontos. No que diz respeito à pesquisadora, uma questão forte a ser mencionada é a mudança de perspectiva em relação ao homem negro. Hoje, ele não é visto apenas como sujeito que oprime, mas sim como aquele que é também oprimido, opressão que intefere o seu corpo, a sua subjetividade e a sua escrita. No que tange à não participação das alunas cotistas, aprendi que o silêncio é fonte de conhecimento pedagógico e reflexão, o que significa dizer que os motivos que às impediram de participar desta pesquisa vão muito além dos resultados obtidos nesta dissertação. Já em relação ao jovem, os resultados indicam um maior empoderamento, obtido por meio de discussões e reflexões acerca de raça, sexualidade e ações afirmativas no ambiente acadêmico; outro ponto foi a melhoria no seu desempenho acadêmico, uma vez que ao começar a pesquisa, o jovem teve acesso a recursos materiais (bolsa de iniciação científica por 12 meses) e simbólicos (formação em pesquisa, circulação em eventos científicos, oportunidades de treinamento etc).

ASSUNTO(S)

masculinidade raça letramento ações afirmativas linguistica literacy race masculinity affirmative action

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