Estudos taxonomicos e anatomicos do genero Prestonia R. BR. nom. cons. (Apocynaceae)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

O gênero Prestonia R. Br., composto por 60 spp., está representado no Sul e Sudeste do Brasil por 15 espécies. As espécies mais amplamente distribuídas são P. coalita, presente em todos os Estados, e P. calycina, ausente apenas no RS. Outras espécies têm distribuição mais restrita: P. lindmanii, P. solanifolia e P. bahiensis foram registradas apenas em MG e SP, e P. dusenii tem distribuição principalmente litorânea, de SC ao RJ. P. riedelii, P. tomentosa e P. acutifolia foram encontradas desde o PR até MG e RJ; no entanto, P. acutifolia não ocorre em SP e provavelmente no RJ. P. denticulata e P. perplexa são encontradas apenas no RJ, e P. lagoensis é restrita a MG. Várias espécies foram constatadas pela primeira vez em diversos Estados: P. acutifolia (MG e PR), P. bahiensis (ES), P. calycina (ES, MG, PR eSC), P. coalita (ES), P. dusenii (RJ), P. riedelii (MG e RJ) e P. tomentosa (PR). Há suspeita de extinção para P. didyma e P. trifida no RJ, P. solanifolia e P. bahiensis em SP. Uma nova ocorrência é referida para o Brasil: P. hassleri no PR. P. perplexa foi confirmada para o RJ, e seus frutos foram descritos e ilustrados. São apresentadas chave para identificação, descrições, ilustrações e comentários sobre as espécies estudadas, bem como dados de distribuição geográfica e períodos de floração e frutificação. A posição dos coléteres nodais e o número e pilosidade dos calicinais constituiram-se em caracteres distintivos de algumas espécies de Prestonia. Com o estudo de 25% das espécies do gênero (60% das ocorrentes no Brasil) observou-se a necessidade de revisão das seções e dos caracteres que as delimitam em um estudo do gênero como um todo. O estudo anatômico dos coléteres foliares e calicinais de Prestonia coalita foi realizado com o intuito de definir o número e a posição ocupada pelos coléteres, caracterizar sua estrutura, determinar o estádio de desenvolvimento da folha e flor em que os coléteres encontrem-se em fase secretora, comprovar a presença de mucilagem na secreção produzida e comparar os calicinais com os foliares visando elucidar a sua origem. Os coléteres secretam mucilagem no início do desenvolvimento foliar (primórdios com ca. 5-8mm) e floral (botões com 34mm), confirmando o papel que desempenham de lubrificar e proteger gemas. Os foliares diferem dos calicinais quanto ao número, posição ocupada e tipo estrutural. Em cada nó, 14-18 coléteres intrapeciolares são observados; apenas os dois centrais têm origem na região axilar, enquanto os demais formam-se a partir das estipulas. Todos são constituídos por uma longa cabeça, formada por um núcleo central de células parenquimáticas rodeado por epiderme uniestratificada secretora em paliçada, e um curto pedúnculo. Tricomas multicelulares e vascularização ocorrem somente nos coléteres correspondentes às estípulas modificadas. Um único coléter calicinal, com origem na base do cálice, é observado oposto a cada uma das cinco lacínias. Ele é íntegro na base e ramificase em direção ao ápice, apresentando aspecto fimbriado. Não há clara distinção entre cabeça e pedúnculo; tricomas e tecido vascular estão ausentes. Com a constatação de que todos os coléteres calicinais e os centrais foliares têm origem axilar em Prestonia coalita, demonstra-se que a teoria estipular proposta para os coléteres das Apocynaceae não é universal. Dessa forma, propõe-se que estudos ontogenéticos comparativos entre coléteres nodais e calicinais sejam ampliados para outras espécies da fam ília com o propósito de reavaliar essa teoria

ASSUNTO(S)

taxonomia vegetal anatomia vegetal

Documentos Relacionados