Estudos moleculares das ataxias espinocerebelares autossomicas dominantes

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

As ataxias espinocerebelares (AEC) formam um grupo heterogêneo de doenças degenerativas do sistema nervoso central, caracterizadas por degeneração do cerebelo e suas vias aferentes e eferentes. Clinicamente, a maior parte dos pacientes com AEC apresentam alterações do equilíbrio e disartria, que evoluem de forma progressiva. As AEC autossômicas dominantes se iniciam normalmente na idade adulta. Até o momento, existem 16 loci mapeados para as formas dominantes de AEC: tipo 1 (SCA1) no cromossomo (cr) 6p, tipo 2 (SCA2) no cr 12q, tipo 3 ou doença de Machado-Joseph (SCA3/MJD) no cr 14q, tipo 4 (SCA4) no cr 16q, tipo 5 (SCA5) na região centromérica do cr 11, tipo 6 (SCA6) no cr 19p, tipo 7 (SCA7) no cr 3p, tipo 8 (SCA8) no cr 13q, tipo 10 (SCA10) no cr 22q, tipo 11 (SCAll) no cr 15q, tipo 12 (SCA12) no cr 5q, tipo 13 (SCA13) no cr 19q, tipo 14 (SCA 14) no cr 19q, tipo 16 (SCA 16) no cr 8q, tipo 17 (SCA 17) na região TATA- box da proteína e a atrofia dentatorubropalidoluisiana (DRPLA) no cr 12p. Em sete formas autossômicas dominantes, cujos genes já foram identificados (SCA1, SCA2, SCA3/MJD, SCA6, SCA7, SCA12 e DRPLA), a expansão de trinuc1eotídeo CAG localizada na região codificadora dos genes, foi identificada como a mutação responsável pela neurodegeneração, já na SCA8 a mutação respónsavel é uma repetição do trinuc1eotídeo CTG. Algumas evidências experimentais apontam para um ganho específico de função que levaria a toxicidade neuronal nas doenças causadas pela expansão do trinuc1eotídeos CAG. O objetivo principal deste projeto de pesquisa foi a determinação da frequência e das características moleculares das mutações responsáveis pelas diferentes formas de AEC em uma amostra da população brasileira. Cento e sessenta e três indivíduos com ataxia espinocerebelar progressiva foram analisados clinicamente e as amostras de sangue periférico foram coletados para os estudos moleculares. Os 163 pacientes pertenciam a 123 famílias não relacionadas entre si. O DNA genômico foi extraído de cada indivíduo e as amostras foram genotipadas pela técnica da PCR utilizando pares de "primer" que flanqueiam as regiões adjacentes aos tripletos expandidos encontrados nos genes SCA1, SCA2, SCA3/DMJ, SCA6, SCA 7, SCA8 e DRPLA. Os produtos da PCR foram submetidos a eletroforese em géis de sequenciamento por aproximadamente 3 horas. A leitura dos alelos foi por auto-radiografia após 3 diasd de exposição a filmes de raio-X. Na amostra de 123 famílias encontraram-se: 7 indivíduos portadores da mutação SCAJ (5%),2 indivíduos portadores da mutação SCA2 (2%), 52 indivíduos portadores da mutação SCA3/DMJ (32%) e 2 indivíduos portadores das mutação SCA7 (2%). Não se encontrou nenhum indivíduo portador das mutações: SCA6, SCA8, DRPLA. Observa-se que na população estudada a forma mais ftequente de AEC é causada pela mutação SCA3/DMJ. Nesse estudo foi também importante para estabelecer quais as AEC autossômicas dominantes mais ftequentes em nosso meio e assim orientar o diagnóstico clínico e molecular

ASSUNTO(S)

ataxia idade sistema nervoso - doenças

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