Estudos floristicos, fitossociologicos e fitogeograficos em formações vegetacionais altimontanas da Serra da Mantiqueira Meridional, sudeste do Brasil / Floristic, phytossociology and phytogeography of the high-altitude vegetation of Serra da Mantiqueira Meridional, southeastern Brazil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A Serra Fina é o nome de umas das áreas da Serra da Mantiqueira Meridional, uma cadeia montanhosa na divisa geográfica entre Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, sudeste do Brasil. A Serra Fina compreende um dos maciços de rochas alcalinas que forma uma das áreas de maior altitude dessa região com mais de 2.500 metros de altitude em vários locais. Ela apresenta um destacado gradiente altitudinal que permite a ocorrência de diferentes formações vegetacionais altimontanas. Sua vegetação apresenta-se ainda relativamente conservada, mas pouquíssimo conhecida. Nós objetivamos analisar a composição florística de suas formações vegetacionais altimontanas, descrever a estrutura fitossociológica das florestas nebulares, verificar a similaridade dessa floresta com outras florestas montanas brasileiras e verificar como mudanças climáticas quaternárias influenciaram a distribuição geográfica das espécies que as compõem. Nos campos de altitude, matas de candeias e nas florestas nebulares foram coletadas 393 espécies das quais sete são provavelmente novas para a ciência. As famílias Asteraceae, Poaceae, Melastomataceae, Rubiaceae, Cyperaceae, Fabaceae, Myrtaceae, Orchidaceae e Ericaceae apresentaram as maiores riquezas específicas. Duas espécies novas da família Asteraceae restritas aos campos de altitude acima de 2.500 metros de altitude foram descritas e ilustradas e as demais necessitam de estudos detalhados por especialistas. A riqueza específica amostrada denota a importância das áreas de altitude na diversidade da Floresta Atlântica e denotam a importância fitogeográfica da Serra Fina por apresentar um grande número de espécies endêmicas ou com distribuição geográfica restrita e comportar espécies com fortes relações com a flora dos Andes, oeste da América do Sul. As florestas apresentaram características típicas de florestas nebulares como menor riqueza, elevada densidade e um dossel reduzido. Myrsinaceae, Myrtaceae, Symplocaceae e Cunoniaceae foram as famílias de maior valor de importância. As florestas alto-montanas da Serra da Mantiqueira apresentaram alta similaridade florística com florestas nebulares sulinas e em parte com as florestas alto-montanas do interior de Minas Gerais e do topo da Serra do Mar em São Paulo, que apresentam uma composição florística relativamente diferenciada. A similaridade dessas florestas com florestas em altitudes mais baixas é relativamente menor. Os modelos de distribuição potencial para espécies florestais montanas destacaram intensas modificações na área de ocupação dessas espécies em cenários climáticos para o Quaternário Tardio e sugerem que estas espécies possam ter ocorrido em altitudes e latitudes menores e longitudes maiores do que atualmente observado. Esses resultados sugerem que florestas com composição florística similar às atuais florestas alto-montanas possam ter ocupado uma área mais extensa no passado, formando em algumas regiões florestas mais extensas que foram posteriormente fragmentadas e confinadas ao topo de cadeias montanhosas na região leste ao sul do Brasil

ASSUNTO(S)

floresta alto-montana quaternario tardio fitogeografia ecosystems high-altitude grasslands uper montana forest late quaternary phytogeography ecossistemas campos de altitude

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