Estudos ecofisiologicos sobre o bicudo do algodoeiro, Anthonomus grandis Boheman, 1843 (Coleoptera : Curculionidae)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1995

RESUMO

O bicudo do algodoeiro, Anthonomus grandis Boheman, é a praga mais importante da cultura do algodão nas Américas, causando grandes perdas econômicas no Brasil desde sua recente introdução. Neste trabalho, pretendeu-se relacionar a fenologia da planta de algodão e disponibilidade de recurso alimentício, com alguns parâmetros fisiológicos do inseto adulto. A cultura de algodão utilizada experimentalmente não teve o tratamento normal das culturas comerciais. Sem o uso de reguladores de crescimento, as plantas apresentaram moa fenologia particular com produção de estruturas reprodutivas (flores e frutos) até o mês de abril. De fato, observaram-se dois picos de produção de botões florais, insinuando-se inclusive a aparição de um terceiro. Em geral o ataque aos botões florais foi mais intenso do que aos frutos, tanto para as tentativas do bicudo em.ovipor como para se alimentar. No entanto quando da natural diminuição na abundância de botões florais nas plantas os bicudos utilizam mais os frutos. Quando comparados os níveis totais de ingestão de alimento (botões florais ou frutos), o bicudo mostrou um consumo de frutos significativamente maior. Apesar disso, observa-se uma ingestão maior de botões florais no primeiro pico de produção desta estrutura. Porém, durante o segundo pico de produção, apesar da presença mais abundante desta estrutura, a ingestão de frutos foi maior do que a de botões. Sugere-se uma adaptação das populações do bicudo ao desenvolvimento da cultura comercial de algodão, considerando-se que nessa época as plantas não apresentam produção de botões. Apesar da maior ingestão de frutos, os botões florais parecem ser o alimento mais apropriado, devido a que quando alimentados com eles os indivíduos conseguem armazenar como biomassa parte do ingerido. Quando alimentados só com frutos o armazenamento é quase nulo, inclusive até negativo, indicando utilização da biomassa armazenada previamente. Tais observações são confirmadas pela baixa taxa de crescimento relativo e baixa eficiência de conversão, tanto do alimento ingerido quanto do assimilado, apresentadas pelos indivíduos alimentados com frutos no Iaboratório. Independente do tipo de alimento consumido, o armazenamento como biomassa e produção de fezes foram baixos. Considerando-se ainda a elevada eficiência de assimilação do alimento ingerido, uma baixa taxa de crescimento relativo e uma baixa eficiência de conversão, tanto do alimento assimilado como do alimento ingerido, permite concluir que o bicudo constitui-se em inseto fortemente dissipador de energia. Característica mais intensa quando os bicudos alimentam-se com frutos. A variação no tempo da atividade respiratória dos bicudos coincide com a produção de botões florais no campo, sendo mais elevada quando a abundância deste recurso é maior, e reduzida quando este diminui. Quando submetidos à condição experimental de ausência de alimento ou água, os bicudos utilizaram a biomassa previamente armazenada. Quando esgotaram cerca de 41% da biomassa úmida disponível morreram. Assim, sua longevidade dependeu principalmente da velocidade de utilização desta biomassa. Além disso, observou-se que naqueles indivíduos que apresentaram maior longevidade, foi a redução da fração hídrica e não a perda de matéria orgânica que aparentemente determinou sua morte. Durante a entressafra no campo, o bicudo permanece num estado de baixa atividade respiratória, reduzida de 75% aproximadamente da apresentada quando o algodão está disponível. Igual redução foi observada e registrada em indivíduos mantidos sob condições de ausência de alimento e água no laboratório. Conclui-se que adultos que acumulam enquanto larva maiores reservas energéticas, diminuindo a atividade geral e evitando a perda de água, conseguiriam superar a ausência de plantas de algodão sem consumir alimento, sem entrar em diapausa e assim iniciarem as infestações a cada nova estação

ASSUNTO(S)

eficiencia alimentar estimativa de parametro ecofisiologia respiração

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