Estudos citogenéticos em peixes das famílias Heptapteridae e Pseudopimelodidae (Siluriformes)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

17/02/2012

RESUMO

As famílias Heptapteridae e Pseudopimelodidae, da ordem Siluriformes, são compostas por peixes de couro endêmicos da região Neotropical. A família Heptapteridae é composta por 24 gêneros e 189 espécies válidas e Pseudopimelodidae por 5 gêneros e 29 espécies descritas. Estudos citogenéticos nessas duas famílias ainda são escassos, principalmente entre os pseudopimelodídeos. Portanto, visando ampliar as informações citogenéticas da ictiofauna da região neotropical, o presente trabalho foi realizado em três espécies da família Heptapteridae (Imparfinis schubarti, Imparfinis mirini e Pimelodella meeki) e duas espécies da família Pseudopimelodidae (Pseudopimelodus pulcher e Microglanis cottoides). As duas espécies estudadas de heptapterídeos do gênero Imparfinis apresentaram 2n=58 e número fundamental (NF) igual a 116, com fórmulas cariotípicas diferenciadas: Imparfinis schubarti possui 30m+28sm e Imparfinis mirini com 36m+22sm. Pimelodella meeki apresentou 2n=46 com 26m+14sm+6st e NF=92, confirmando uma variabilidade no 2n da família Heptapteridae. Ambas as espécies de Imparfinis possuem RONs intersticiais no par 1 coincidentes com uma constrição secundária e P. meeki apresentou RON terminal no par 17. Todas as AgRONs foram coincidentes com a sonda de DNAr 18S e positivas para o fluorocromo CMA3, ricas portanto, em bases GC. A distribuição e composição da heterocromatina foram variáveis entre as espécies. Pimelodella meeki apresentou pouca quantidade, rica em bases AT e GC. A heterocromatina em Imparfinis schubarti mostrou-se positiva apenas para CMA3. Em Imparfinis mirini um fato interessante foi observado: além da heterocromatina ser positiva para o DAPI, o braço longo de um dos cromossomos do par 19, apenas dos indivíduos machos, mostrou-se totalmente heterocromático. Após análises meióticas, esse heteromorfismo pode ser facilmente identificado em fases de paquíteno e metáfase I, apresentando-se heteropicnótico e DAPI positivo. Essa característica pode ser um indício de diferenciação inicial de cromossomos sexuais em Imparfinis mirini, reforçando a grande variabilidade cariotípica da família. Entre os pseudopimelodídeos estudados, Pseudopimelodus pulcher e Microglanis cottoides apresentaram 2n=54, o que corrobora com o 2n descrito para as espécies da família estudadas, citogeneticamente, até o momento. Pseudopimelodus pulcher possui 20m+16sm+10st+8a e NF=90, apresentou de 2 a 4 AgRONs no braço curto de um par par 12 e do par 23. Já Microglanis cottoides com 30m+14sm+6st+4a e NF= 104, apresentou apenas um par de cromossomos portador da RON (par 24). Todas as RONs foram coincidentes com as marcações pela sonda de DNAr 18S e fluorocromo CMA3. Uma fêmea de Microglanis cottoides apresentou 45m+21sm+9st+6a totalizando 81 cromossomos mais 2 cromossomos extras do tipo metacêntricos pequenos e a RON desse indivíduo foi localizada em três cromossomos subtelocêntricos (24), coincidentes com sitios de DNAr 18S e CMA3, confirmando a ocorrência de triploidia natural com cromossomos supranumerários. A distribuição da heterocromatina nas duas espécies mostrou-se semelhante sendo observada nas regiões pericentroméricas e terminais de alguns cromossomos, entretanto, em Pseudopimelodus pulcher a heterocromatina foi positiva tanto para CMA3 como para DAPI, sendo assim rica tanto em pares GC quanto AT, e em Microglanis cottoides foi apenas DAPI positiva, inclusive os cromossomos supranumerários do triplóide. Este indivíduo poliplóide pode ter se originado a partir de um gameta feminino diplóide, pois tanto a fêmea quanto o triplóide apresentaram dois cromossomos do primeiro par parcialmente heterocromáticos, fato este não evidenciado nos machos. Os dados apresentados são inéditos para P. pulcher e mostram a primeira descrição de triploidia natural com presença de cromossomos supranumerários na família. Esses resultados contribuem com mais informações citogenéticas para Heptapteridae e Pseudopimelodidae, revelando a importância dos bandamentos para uma melhor caracterização da estrutura cromossômica das espécies, buscando assim, um maior entendimento dos processos envolvidos na evolução cariotípica desses grupos de peixes.

ASSUNTO(S)

peixe - citogenética peixe - carióticos bagre (peixe) ictiologia fish cytogenetics fish karyotypes siluroidea

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